O Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional (SNCGP) denunciou a utilização das lâminas de barbear por parte dos reclusos — que muitas vezes são usadas para agredir os guardas e em tentativas de suicídio — e pede sanções disciplinares a quem as tem na sua posse. Num ofício enviado pelo sindicato à Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP) e ao Governo, o sindicato exige que sejam tomadas medidas para evitar situações que “colocam em causa a segurança não apenas dos reclusos, mas também dos profissionais”.

“As lâminas de barbear são desmontadas e as lâminas que existem protegidas pelo plástico ficam soltas e são utilizadas pelos reclusos para diversas situações, nomeadamente para agredirem outros reclusos e também guardas prisionais“, lê-se.

O sindicato denuncia que aconteceram “recentemente” casos de agressões a guardas prisionais com lâminas. Em Coimbra, por exemplo, “um recluso encostou uma lâmina dessas ao pescoço de uma chefe para tentar fugir”. “Além disso, servem e são utilizadas como ferramenta para o comércio e consumo de droga“, acrescenta ainda.

Os guardas prisionais estão, por isso, preocupados, especialmente porque são “incontáveis” as vezes que, durante as buscas nas celas feitas “sem proteção adequada”, encontram estes objetos cortantes “nas camas, dentro dos livros, nas roupas e outros lugares”. “Também temos registos de revistas aos reclusos e estes tinham na sua posse este tipo de lâmina”, é relatado no comunicado enviado.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

No ofício, o sindicato dá até o exemplo de Sandro Bernardo, suspeito de matar a filha de nove anos, Valentina Bernardo, e que tentou suicidar-se precisamente com uma lâmina de barbear — embora tenha esta semana tentado fazê-lo novamente com a ingestão de lixívia. Mais: têm “surgido recentemente casos idênticos” com outros reclusos.

Pai de Valentina transportado para o hospital com ferimentos

O sindicato acusa os diretores dos estabelecimentos prisionais de não darem “o devido andamento às informações” que lhes chegam “na sequência das buscas e do que é encontrado”. E pede uma “análise mais profunda do problema” e a distribuição de “equipamento indispensável”, como algemas, para “prevenção de automutilações ou mesmo agressões” — muitas vezes, lê-se ainda, comprado pelos próprios trabalhadores.

Em resposta ao sindicato, a Inspeção-Geral dos Serviços de Justiça (IGSJ) disse ter questionado a Direção-Geral que garantiu estar “atenta ao problema” — uma resposta que, defende o sindicato, “nada esclarece ou acrescenta”.