Pés bem assentes na terra quando a mensagem a enviar é sobre as regras a seguir no regresso à praia, no dia em que a época balnear abriu em algumas regiões do país. Mas já nem tanto à terra (nem tanto ao mar) quando se fala de recuperação do país. Aí, o Presidente da República trava os ímpetos de quem vê no programa de estabilização do Governo “um milagre”. Não é, é uma “almofada”, disse este sábado depois de ter mergulhado no mar da Ericeira, enquanto a mais de 300 km dali, na praia da Rocha (Algarve) o primeiro-ministro ficava na areia a pedir outro tipo de cautelas.

O dia foi de marcar pelo país o arranque da época balnear, com Costa a levar consigo para Portimão o ministro da Defesa e o do Ambiente para marcar com pompa e uma série de recomendações esse momento. Sobretudo quando “se avizinha uma semana marcada por dois feriados” nacionais (o 10 de junho e o Corpo de Deus, logo no dia seguinte). Se na economia, o lema passou de “fique em casa” para “vamos retomar a atividade”, na praia Costa quer que o mantra passe para “saiam em segurança”.

Na inauguração de uma nova unidade hoteleira em Alvor, o primeiro-ministro foi garantir que “o Algarve é uma região segura” não só para os portugueses mas também para os estrangeiros, em nome do turismo. E que na praia basta ter na mente que “perante uma nova realidade, existem regras novas para a frequência das praias que são básicas e que devem ser respeitadas”. Distância, etiqueta respiratória e higienização.

As normas que, por aquela mesma hora, na Ericeira, Marcelo Rebelo de Sousa punha em prática quando se dirigia, rodeado de jornalistas e locais, para um mergulho na praia dos Pescadores. Depois do banho, já a seco, o Presidente falou de tudo e até do programa de estabilização que Costa apresentou na quinta-feira passada, depois da aprovação no Conselho de Ministros. Aos jornalistas, disse que o que aí vem é “um processo difícil” e que o programa do Governo vai servir para “amortecer daqui até ao fim do ano” o impacto da crise pandémica e da paragem da economia. “Mas depois há muito trabalho pela frente”, disse, prevendo que recuperar atividades como o turismo “leve tempo”.

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De trás da máscara que tinha posta, ainda se ouviu o Presidente prometer convergência com o Governo, embora sublinhando que isso “não quer dizer que concorde com tudo o que o Governo” faz, disse citado pela Lusa.

Neste sábado, alinharam nas cautelas que recomendam aos portugueses no regresso às praias. Marcelo pediu que não se facilite, mas avisou que também “não podemos cair no alarmismo oposto. Há aqui um equilíbrio que é preciso manter”, defendeu quando se referia muito em concreto ao que se passa na região de Lisboa e Vale do Tejo, onde o número de casos positivos tem aumentado nas últimas semanas. Costa tem garantido que não há um descontrolo e Marcelo vem secundá-lo ao dizer que “uma coisa é haver uma percentagem de contaminados durante vários dias, mas estar circunscrita na área, outra coisa é haver uma difusão na comunidade. Se houvesse, o que até agora não se provou, isso obrigava a medidas muito mais intensas das autoridades sanitárias”.

Nas últimas semanas, antes ainda da aberta a época balnear (o que só começou a acontecer este sábado), ambos os foram vistos em praias na região de Lisboa, a dar o mote do desconfinamento. Agora, surgiram ambos alinhados, com Costa já em modo oficial a desmistificar os problemas deste regresso. “Douve sempre normas de segurança relativamente às praias” e que este ano existe “uma regra nova: também na praia, tal como no trabalho, na escola, nos transportes públicos, nos espaços comerciais, temos de cumprir as regras básicas de distanciamento, de etiqueta respiratória e de higienização”.

Isso e consultar a aplicação Info Praias, antes de escolher a praia a utilizar para perceber o estado de ocupação dessa mesma praia. “Se todos o fizermos, continuaremos a gozar da liberdade de ir à praia”, rematou. Embora de manhã, neste dia inaugural, a aplicação tivesse mostrado alguns problemas de atualização da informação para quem a abriu logo de manhã. Seguindo o conselho do primeiro-ministro.

Ainda há praias que, às 17h15, ainda mostravam níveis de ocupação nas praias às 7h