O mundo equestre também tem sido afetado pela pandemia de covid-19, mas nem esse obstáculo retira aos cavaleiros portugueses o sonho de chegarem aos Jogos Olímpicos Tóquio2020, adiados para o verão de 2021, e fazerem um “brilharete”.

O cavaleiro de Dressage Duarte Nogueira e o cavalo Beirão, ferro Alter Real, são um dos exemplos, trabalhando a “meio gás” devido aos períodos de quarentena, na Coudelaria de Alter do Chão, no distrito de Portalegre.

“Tem sido um bocado difícil, tenho estado 15 dias a trabalhar, depois estão os outros 15 dias os meus colegas, para rodarmos, caso houvesse algum problema para não ficar tudo em casa, pois os cavalos têm de trabalhar e têm de comer”, lamenta o cavaleiro, em declarações à agência Lusa.

Durante a quinzena em que Duarte Nogueira não trabalha diretamente o cavalo Beirão, um puro sangue lusitano com 14 anos, a montada é, por sua vez, trabalhada naquela coudelaria alentejana “à guia”, efetuando “só” exercícios de manutenção.

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O cavaleiro, que monta aquele cavalo há 10 anos, faz parte da equipa portuguesa constituída por quatro cavaleiros e outras tantas montadas que garantiu a vaga na prova de ensino por equipas nos Jogos Olímpicos Tóquio2020, adiados para o verão de 2021 devido à pandemia de covid-19.

Para Duarte Nogueira, de 54 anos, os períodos de paragem têm feito “muita diferença” no desenvolvimento e preparação da montada para esse importante desafio, mas, apesar desse “contratempo”, a “cumplicidade” entre os dois consegue superar todos os obstáculos.

“[Faz] muita diferença [período de quarentena], porque eu estou 15 dias, o cavalo já está numa forma que eu estou a achar que está muito boa e aí é como um atleta, parou. Faz de conta que é um atleta que tem uma lesão leve e tem de fazer exercícios básicos, quando começa outra vez, daí a 15 dias, já não é a mesma coisa”, relata.

“Eu acho que há muita cumplicidade ao fim de 10 anos com ele e, depois, é um cavalo muito nobre que nunca diz que não, está sempre pronto, é trabalhar para morrer. Se calhar, é um cavalo que, se um dia me faltar, vai ser um cavalo que nunca vou esquecer, o cavalo da minha vida”, acrescenta.

Garantindo que durante este período de pandemia a sua equipa tem mantido o distanciamento social para evitar qualquer tipo de riscos, o cavaleiro considera ainda que os portugueses poderão vir a fazer um “brilharete” no Japão e alcançar uma boa classificação, apesar da “forte” concorrência.

“Acho que temos boas possibilidades de fazer um brilharete, uma boa classificação. Os cavalos lusitanos competirem com outros cavalos alemães [das raças mais prestigiadas nesta área] é muito complicado, mas os nossos cavalos têm características muito boas que são a ‘passage’ e o ‘piaffe'”, diz.

O oitavo lugar alcançado, em 20 de agosto de 2019, no Campeonato da Europa de Dressage, em Roterdão (Holanda), pela equipa equestre portuguesa, da qual Duarte Nogueira faz parte, garantiu uma vaga na disciplina de Ensino para Portugal nos Jogos Olímpicos Tóquio2020.

Além de Duarte Nogueira com Beirão (Alter Real), a equipa portuguesa é composta por Maria Caetano com Coroado (Alter Real), João Torrão com Equador (Monte Velho) e Rodrigo Torres com Fogoso (Torres Vaz Freire).