O presidente do governo Regional do Príncipe, José Cassandra, lamentou esta segunda-feira que o executivo central são-tomense tenha recusado fechar atempadamente as fronteiras marítimas e aéreas com a capital para evitar que a Covid-19 entrasse na ilha.

“Lamento que a decisão política em causa tenha determinado este desfecho, que mais tarde ou mais cedo poderia acontecer, tratando-se de uma pandemia”, disse José Cassandra, em declarações à Lusa.

No final de uma reunião realizada na ilha em meados de maio, com entidades políticas, empresariais e religiosas, o executivo regional decidiu suspender as ligações marítima e aérea com a capital, São Tomé, como forma de evitar a propagação do novo coronavírus. Mas, cerca de uma semana depois, o Conselho de Ministros do governo central “indeferiu” a decisão.

“É uma pena que o Conselho de Ministros tenha tomado essa decisão sem conhecer, de facto, os argumentos que levaram o Governo Regional a tomar a posição que tomou”, amentou, na altura, José Cassandra, em declarações à radio regional do Príncipe.

Há cerca de um mês, as autoridades da Região Autónoma do Príncipe anunciaram que estavam em quarentena na ilha 41 pessoas, 27 das quais infetadas pela Covid-19. Há pouco mais de uma semana, o Ministério da Saúde anunciou que 30 pacientes foram considerados recuperados, restando na ilha do Príncipe 11 pacientes, que se mantêm em regime domiciliar.

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Os números reduziram de 27 para 11, tendo em conta a realidade prevalecente. Como sabe, não existe cura para esta doença. Todos aqueles que foram diagnosticados como positivos são todos casos assintomáticos, não tiveram nenhuma manifestação da doença”, explicou o presidente do Governo Regional.

“Não tendo sintomas, não necessitavam de acompanhamento médico nos hospitais, como aliás tem acontecido em várias partes do continente”, explicou, sublinhando: “Felizmente não estávamos em presença de casos ligeiros da referida doença nem na presença de casos mais agudos ou graves”.

“Tendo cumprido os protocolos recomendados pela Organização Mundial da Saúde neste âmbito e tendo os resultados posteriores dado negativo, as pessoas em causa, inicialmente consideradas como positivas, foram obrigadas a abandonar o confinamento obrigatório a que estavam submetidos”, concluiu.

O responsável referiu que os serviços sanitários da ilha têm “as suas limitações em termos de recursos médicos e materiais”.

Têm feito o que podem para minimizar a disseminação da doença e têm contado com o apoio do Governo central e de um empresário sul-africano [Mark Shuttleworth] que tem investido na região, bem como os dois enfermeiros portugueses que fazem parte da sua equipa de trabalha na ilha do Príncipe”, referiu Cassandra.

“Criamos um comité de crise e temos vindo a trabalhar arduamente para evitar, de facto, a propagação do vírus aqui na ilha”, garantiu.

Até ao momento, São Tomé e Príncipe regista 514 casos positivos e 12 mortos devido à Covid-19.