O presidente da Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom) afirmou esta terça-feira que o leilão para a atribuição das licenças de 5G é uma “oportunidade para quebrar barreiras que existem” no setor, nomeadamente à entrada de novos operadores.

João Cadete de Matos falava na comissão parlamentar de Economia, Inovação, Obras Públicas e Habitação, no âmbito da audição das Entidades Administrativas Independentes, e acerca da concorrência no setor das telecomunicações e consequências na implementação do 5G, a requerimento do Bloco de Esquerda (BE).

“Em Portugal temos vindo a dar passos para criar condições para que o leilão das frequências que vai acontecer seja uma oportunidade para quebrar algumas barreiras que existem“, como “à entrada de novos operadores”, referiu o responsável.

O presidente da Anacom disse que Portugal compara mal com outros países não só “quanto aos preços” como também “quanto ao número de operadores”.

O regulador reiterou a necessidade, no âmbito do 5G, de uma “aposta na partilha” de ativos pelos operadores, pois “os operadores têm cada vez mais restrições do ponto de vista financeiro”, mas também no roaming nacional.

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“Temos muito trabalho pela frente para ter” um mercado concorrencial, considerou, defendendo a necessidade de “boa conexão de Internet” em todo o território.

João Cadete de Matos salientou que a pandemia de Covid-19 demonstrou a “relevância da digitalização da economia”, não só em termos do setor das telecomunicações, como também a nível de correios e encomendas, que “cubra o território nacional”.

Apontou ainda que, em termos de índice de digitalização da economia e sociedade, Portugal está em 19.º lugar na União Europeia, salientando que o país Portugal está no conjunto de países onde velocidade da banda larga “é das mais baixas”.

Sobre o roaming nacional, João Cadete Matos sublinhou que “pode ser feito por acordos” entre operadores, “é desejável que as empresas vejam essas vantagens em 5G” e a “vantagem é óbvia”.

Além disso, a “partilha tem de ser prosseguida como algo essencial para viabilizar investimentos e permitir que as empresas tenham retorno” e que os “preços sejam acessíveis”, como também garantir a qualidade do serviço, acrescentou.

O presidente da Anacom salientou que o regulador faz “todos os anos” um estudo “completo do setor em Portugal” e é com base nisso que “permite fundamentar as decisões” que toma nas diferentes áreas de regulação.

João Cadete de Matos reiterou que o preço das telecomunicações em Portugal é dos mais elevados relativamente a outros mercados europeus.

Futuro do setor das telecomunicações passa pela partilha de infraestruturas

O presidente da Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom) afirmou esta terça-feira que o “futuro do setor das telecomunicações” passa pela partilha de infraestruturas, no âmbito da quinta geração móvel (5G).

O futuro do setor das telecomunicações passa por aí [partilha], é irracional do ponto de vista económico, é insustentável do ponto de vista financeiro” que tal não aconteça, acrescentou.

O presidente da Anacom referiu que nos três anos do seu mandato já assistiu a uma “mudança muito significativa” dos operadores de telecomunicações em Portugal.

“Não imaginava que os operadores estivessem disponíveis para vender as suas torres ou disponíveis para vender a sua rede de fibra”, disse, salientando que até ao momento não estão disponíveis para partilhar espectro.

“É uma evolução que é pressionada, mesmo sendo um setor que dá uma grande rendibilidade de investimento”, disse, apontando que a distribuição de dividendos “mostra isso”.

No entanto, há “cada vez mais custos de investimento” e isso “exige partilha de infraestruturas”, rematou.

João Cadete de Matos salientou que a cobertura de rede “é, de facto, algo que tem de ser a prioridade das prioridades”, para “não deixar ninguém de fora”.

Para o presidente da entidade reguladora, “Portugal pode ter essa ambição” de ter o país coberto, defendendo que para que tal aconteça em zonas de baixa densidade será “necessário que esse investimento seja partilhado”.