Os vereadores do CDS-PP na Câmara de Lisboa acusaram esta terça-feira o vereador dos Direitos Sociais, Manuel Grilo (BE), de defender a ocupação ilegal de um edifício para apoiar carenciados, classificando a sua posição como “inaceitável e inadmissível”.

Em causa está um centro de apoio para pessoas carenciadas, incluindo sem-abrigo, localizado no Largo de Santa Bárbara, na freguesia de Arroios, criado por um grupo de pessoas que ocupou um antigo infantário abandonado e que foi alvo de um despejo na madrugada de segunda-feira.

O vereador do CDS-PP João Gonçalves Pereira, citado num comunicado enviado às redações, considera que o vereador do BE – partido que tem um acordo de governação do concelho com o PS – “não só veio defender uma ocupação selvagem de um edifício privado, quando deveria ter disponibilizado de imediato um espaço entre os vários pertencentes à autarquia, como tomou partido contra a própria Câmara Municipal de Lisboa, ao defender publicamente uma ocupação ilegal em condições perigosas para todos os intervenientes”.

Na mesma nota, o CDS-PP recorda uma publicação feita na rede social Facebook, na qual Manuel Grilo diz que “as pessoas que montaram este grupo de apoio a pessoas sem-abrigo abriram este centro há semanas num prédio devoluto e num infantário fechado há anos”, acrescentando que “a câmara não respondeu aos seus e-mails e os proprietários só responderam agora”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“O vereador Manuel Grilo critica a CML [Câmara Municipal de Lisboa] numa área em que o próprio tem o pelouro e em que o próprio assume não ter respondido aos intervenientes. Só podemos interpretar isto de duas maneiras: ou como autocrítica, ou como um caso de dupla personalidade”, defende João Gonçalves Pereira.

Para os centristas, “o que está em causa não é, obviamente, a necessidade de prestar apoio aos sem-abrigo e a outros grupos de risco na cidade, mas sim a clarificação entre o que é o respeito pela legalidade e pelo direito de propriedade, mais ainda quando um vereador com deveres executivos adota publicamente uma atitude à margem desses mesmos deveres e da legalidade”.

Cerca de uma dezena de seguranças privados entraram às 5h de segunda-feira naquele centro de apoio a carenciados, para tentar despejar as pessoas que ali se encontravam, porque o espaço foi ocupado ilegalmente.

Despejo em Arroios foi ilegal, diz vereador da Ação Social. Edifício em Arroios foi emparedado

Ao final da tarde, várias pessoas ficaram feridas, incluindo três agentes da PSP, na sequência de uma tentativa de entrada no centro de apoio a carenciados.

Quando ocuparam o espaço, os voluntários não sabiam quem eram os proprietários do imóvel, mas mais tarde descobriram que foi vendido a uma empresa de imobiliário e depois em parcelas a três pessoas que vivem no estrangeiro.

Os voluntários enviaram correios eletrónicos a várias entidades, entre as quais a Câmara Municipal de Lisboa e a PSP, a informar de que iriam ocupar o espaço e os motivos.