A informação começou a circular de forma mais contínua esta segunda-feira de manhã e várias federações foram começando a trocar impressões para tomadas de posição em conjunto perante um cenário que ainda não tinha sido veiculado e que colocava o Desporto fora do Programa de Estabilidade Económica e Social do Governo. Em breve surgirão mais reações, de acordo com as reações de descontentamento que não demoraram a multiplicar-se. Esta terça-feira, através de comunicado, o Comité Olímpico de Portugal (COP) lamentou também a decisão.

Segunda informação tornada pública, o COP, liderado por José Manuel Constantino, lamentou que, “ao contrário de outros sectores de atividade do país, não tenha tido por parte do Governo qualquer orientação sobre um pacote de medidas de proteção à sua sustentabilidade financeira, antes se optando por aceitar a sua inclusão em medidas de caráter económico-financeiro desenhadas para outras realidades que não a desportiva”.

“Num período de enorme delicadeza e incerteza, onde a vasta maioria das modalidades desportivas continuam sem poder organizar competições, ou as organiza à porta fechada, sem receitas de bilheteira, a ausência de uma resposta governamental agudiza as vulnerabilidades de um sector que representa cerca de 2% do PIB europeu e que agora se vê condicionado no desenvolvimento da principal atividade geradora de receitas. O COP recebeu com imensa surpresa o que poderia ter sido uma importante oportunidade para o Desporto ser tratado como uma área sectorial relevante nas orientações políticas nacionais, não o vendo figurar no documento que, no passado dia 7 de junho [domingo], foi apresentado sob o nome de Programa de Estabilização Económica e Social”, destaca.

“Neste documento, para além de se ignorar, de forma preocupante, qualquer referência ao Desporto, constata-se ainda que algumas das medidas apresentadas são expressamente financiadas pelas receitas dos Jogos Sociais do Estado, cujo volume de negócio é também gerado por esse produto que, como sector, foi, novamente, ignorado: o Desporto. No entendimento do COP, existe uma conclusão óbvia a extrair desta situação: o Governo de Portugal não reconhece ao Desporto suficiente importância política para ser incluído no seu Programa de Estabilização Económica e Social”, acrescenta ainda o COP a esse propósito.

“Poder-se-ia argumentar que o documento trataria apenas de setores transversais muito relevantes no plano económico-social do país. Mas não. Houve escolhas e opções. E se algumas referências sectoriais permitem uma leitura de que são um claro sinal de resposta política a contestações que ocorreram recentemente na sociedade portuguesa, de igual modo a ausência de outras, como o Desporto, espelha a pouca importância política dada ao sector e a falta de preocupação demonstrada para com o risco da sua sustentabilidade, conclui, deixando ainda em aberto a esperança de que possa existir uma revisão do que consta no Programa de Estabilidade.

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