A pandemia associada à Covid-19 evidenciou a importância da liderança da União Europeia (UE) no mundo, nomeadamente enquanto primeira grande crise global que não foi liderada pelos Estados Unidos, considerou esta terça-feira o ministro dos Negócios Estrangeiros português.

Augusto Santos Silva falava na comissão de Assuntos Europeus da Assembleia da República, a propósito do programa das próximas três presidências do Conselho Europeu: alemã, no segundo semestre de 2020, portuguesa, no primeiro de 2021, e eslovena, no segundo de 2021.

A pandemia mostrou claramente a importância ainda mais premente da liderança europeia, da presença ou da afirmação europeia, à escala mundial”, disse Santos Silva.

O ministro sublinhou que a atual crise “foi provavelmente, desde a II Guerra Mundial, a primeira grande crise global à escala planetária cuja resposta não foi liderada pelos Estados Unidos” e que permitiu uma “melhor consciência dos riscos da hiperglobalização“.

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Estes elementos, defendeu, mostram a “necessidade de assegurar alguma soberania económica da Europa”, nomeadamente nas “cadeias de abastecimento de bens públicos” essenciais, na “necessidade de incentivar e acelerar a reindustrialização da Europa”, “no reforço do tecido económico europeu baseado em pequenas e médias empresas” e “na importância da dimensão social da Europa”, traduzida em serviços públicos designadamente de saúde.

O programa do trio de presidências, frisou, “tem tudo isto bem presente”, nomeadamente o impacto destes elementos nas prioridades da agenda estratégica europeia”.

“Na minha opinião o programa do trio pode ser sintetizado numa frase: ter em conta as prioridades estratégicas da União Europeia, com a consciência do profundo choque causado pela Covid-19 e os seus efeitos sociais e económicos e, por isso mesmo, tendo também o sentido da urgência de agir”, afirmou.

Com este enquadramento, o programa do trio de presidências vai assentar nos mesmos pilares definidos anteriormente, explicou o ministro, frisando que a pandemia “não pôs em causa” nenhuma das prioridades, mas, pelo contrário, mostrou a necessidade de “aceleração de algumas cuja premência se tornou mais evidente”.

Esses quatro grandes planos são, apontou, a ação climática, a transição energética, a transição digital e a defesa dos valores europeus no mundo.

Sobre a “urgência da ação”, o ministro abordou a proposta da Comissão Europeia para o orçamento plurianual da UE e para o fundo de recuperação pós-pandemia, designado Próxima Geração, para explicar que caberá à presidência alemã a aprovação dos instrumentos e à portuguesa “implementar rápida e tempestivamente o Quadro financeiro Plurianual e o programa Próxima Geração”.