Uma petição dirigida ao presidente do parlamento pede ao Estado português que assuma, “em todas as instâncias internacionais” uma posição de solidariedade com o povo brasileiro, a defesa dos direitos humanos e a “condenação” do governo de Jair Bolsonaro.

Em nome dos laços que unem os dois povos, o Estado Português deve assumir, em todas as instâncias internacionais em que se encontra representado, uma posição de solidariedade com o povo brasileiro, defesa intransigente dos direitos humanos e condenação do governo de Jair Bolsonaro”, refere a petição lançada esta terça-feira.

A petição, promovida pelo cineasta Sérgio Tréfaut, que conta com a assinatura de mais de 40 pessoas, tem como título “Pela democracia e contra o genocídio no Brasil”, recordando que recentemente centenas de juristas brasileiros, “de todos os quadrantes políticos”, assinaram o manifesto “BASTA!”, para exprimirem a sua preocupação pelo futuro da democracia no Brasil.

O Brasil, suas instituições, seu povo não podem continuar a ser agredidos por alguém que, ungido democraticamente ao cargo de Presidente da República, exerce o nobre mandato que lhe foi conferido para arruinar com os alicerces de nosso sistema democrático, atentando, a um só tempo, contra os Poderes Legislativo e Judiciário, contra o Estado de Direito, contra a saúde dos brasileiros”, afirma-se no texto.

Nos últimos meses, o governo de Jair Bolsonaro foi alvo de dezenas de denúncias na Organização das Nações Unidas, apresentadas por entidades brasileiras e internacionais, adiantam os promotores da iniciativa em Portugal.

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“O mundo não pode assistir impávido à degradação sistemática das instituições democráticas brasileiras, aos crimes contra a saúde pública provocados pela política negacionista da pandemia do coronavírus, e às graves violações dos direitos humanos de que é vítima o povo brasileiro”, destaca o texto.

O cineasta Sérgio Tréfaut já tinha dirigido, também esta terça-feira, uma carta aberta ao Presidente da Republica, Marcelo Rebelo de Sousa, na qual pedia a intervenção do chefe de Estado português face ao que chama de genocídio do governo de Jair Bolsonaro.

No último dia de maio, o cineasta participou numa iniciativa em frente ao consulado-geral do Brasil, em Lisboa, e já tinha apelado à solidariedade do povo e do Estado português contra aquilo que considerou ser um “crime de Estado” no Brasil.

A pandemia de Covid-19 já provocou mais de 406 mil mortos e infetou mais de 7,1 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo o balanço feito pela agência francesa AFP.

O Brasil é o país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo, ao contabilizar o segundo número de infetados (mais de 707 mil, atrás dos Estados Unidos da América) e o terceiro de mortos (37.134, depois de Estados Unidos e Reino Unido).

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano passou a ser o que tem mais casos confirmados, embora com menos mortes.