No final de Maio, numa fase em que o Grupo Volkswagen estava sob grande pressão para resolver problemas com o software do novo Golf, o que motivou até a suspensão das entregas, Herbert Diess, CEO da Volkswagen AG e da marca VW, acusou, segundo a Reuters, os membros do conselho de supervisão do grupo germânico de terem orquestrado uma fuga de informação. Estes não acharam muita piada à acusação e exigiram um reparo. Que a família Porsche/Piech, quem controla o consórcio, obrigou Diess a realizar.

Independentemente da acusação aos seus colegas do conselho de supervisão – por aparentemente não a ter conseguido provar e por a mesma ter tido lugar perante milhares de executivos do grupo germânico –, a reacção da família Porsche/Piech foi algo dura, na medida em que belisca a imagem do actual CEO, mas também a do próprio grupo. Segundo o comunicado da Volkswagen AG, “o Dr. Diess apresentou um pedido de desculpa formal pelas acusações aos membros do conselho de supervisão, declarando que foram inapropriadas e erradas. Os membros do conselho aceitam o pedido de desculpa do Dr. Diess e continuarão a apoiá-lo no desempenho do seu cargo”. E, de acordo com um porta-voz do grupo, a família que controla a empresa queria ir ainda mais longe, revelando mais detalhes sobre o incidente.

Recorde-se que Herbert Diess foi convidado a trocar a BMW pelo Grupo Volkswagen num período particularmente complicado para o gigante alemão, a braços com a polémica do Dieselgate. Na altura, era necessário um gestor não conspurcado pela polémica relacionada com montagem de software de gestão dos motores a gasóleo destinado em ludibriar os legisladores, especialmente os americanos. Diess substituiu assim Martin Winterkorn e Mathias Müller, os anteriores CEO do grupo, afastados devido ao escândalo. Mas estes não só denegriram a imagem do fabricante, como custaram à Volkswagen AG mais de 30 mil milhões de euros em multas e compensações, valor que continua a crescer. Winterkorn, que surgiu como o principal responsável pela montagem de software fraudulento em 11 milhões de veículos, ainda saiu da empresa com cerca de 14 milhões de euros. No entanto, nenhum dos dois foi alvo publicamente deste tipo de tratamento a que Diess foi agora obrigado.

Embora mantenha o cargo de CEO da Volkswagen AG, Herbert Diess deixa de liderar a principal marca do grupo, cargo que é sempre acumulado pelo responsável máximo da empresa. Esta reestruturação deixa-o numa posição fragilizada.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR