Bruno Lage na zona de entrevistas rápidas da SportTV.

– Ainda sente que é solução para dar a volta a esta situação?
– Já falei sobre isso. Falei com o presidente, fomos ver o mar, está tudo tranquilo, não há problema nenhum.

Bruno Lage na conferência de imprensa, poucos minutos depois da passagem pela flash interview.

– Tem apenas uma vitória nos últimos dez jogos. Sente condições para continuar?
– Sim.

Pizzi tirou a tampa, Lage não fechou a panela e a pressão tornou-se o prato do dia (a crónica do Portimonense-Benfica)

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Os números que colocaram o treinador do Benfica no topo são agora os mesmos números que vão colocando o treinador do Benfica em quebra. Se na época passada agarrou na equipa no final da primeira volta e foi até ao final do Campeonato fazer a festa com um empate apenas na receção ao Belenenses SAD, se na época passada bateu não só recordes individuais nos pontos dos 30 jogos iniciais mas também coletivos pelo número de golos da equipa, esta temporada, ou na segunda fase deste temporada, os registos continuam existir mas são todos negativos.

Com o empate em Portimão (o mesmo reduto onde Rui Vitória fez o último encontro pelos encarnados antes de sair), o Benfica tem apenas uma vitória nos últimos dez encontros oficiais realizados entre Campeonato, Taça de Portugal e provas europeias, algo que apenas uma vez tinha acontecido (2007/08). Mais: pela primeira vez na sua história as águias tiveram cinco empates consecutivos. Mais ainda: o Benfica já perdeu mais pontos na presente edição da Primeira Liga do que em toda a última época. Mais ainda: é preciso recuar três temporadas para chegar a um percurso com pelo menos dez empates. Se antes da paragem por causa da pandemia o conjunto de Bruno Lage já vinha em queda, o regresso à competição em nada ajudou para alterar esse percurso.

“Fizemos uma primeira parte muito boa, com um bom jogo posicional, quer a atacar, quer a defender. Criámos oportunidades de golo, espaços, tudo com a dinâmica que pretendia, que não tivemos no jogo com o Tondela. Na segunda parte a intenção era continuar com essa dinâmica, percebemos antes que nos últimos cinco minutos o Portimonense alterou a forma de construir e a nossa ideia era manter a equipa subida, a pressionar para não deixar o adversário jogar. Perdendo o Jardel passou a ser mais difícil e de bola parada surgem dois golos que nos penalizam. Devíamos ter mais capacidade para continuar a pressão e com bola ir à procura do terceiro golo”, frisou na flash interview o técnico a propósito de um empate “quando nada o fazia prever”.

“Agora é olhar para o que temos vindo a fazer. Infelizmente não conseguimos vencer. Vai ser um Campeonato em que muitas situações destas vão eventualmente surgir mas temos de ganhar, fazer mais e melhor”, destacou depois na conferência também, acrescentando que “se fosse por crise de confiança a equipa não tinha entrado tão bem como entrou. “A nossa maturidade, e a ganhar por 2-0, exige-nos ter mais bola e marcarmos o terceiro golo para matar o jogo”, frisou depois de um empate que pode deixar descolar mais uma vez o FC Porto.

Sobre o futuro, pouco ou nada de novo. No entanto, a própria forma como respondeu de forma diferenciada a duas questões com a mesma génese entre a zona de entrevistas rápidas e a sala de conferência de imprensa mostra que é um assunto que começa a incomodar, um incómodo que já tinha sido manifestado pelo treinador antes do jogo quando foi “apanhado” pelas câmaras a dar uma volta com o presidente perto do hotel onde a equipa estagiou no Algarve. “Falo todos os dias com o presidente”, reforçou ainda antes de deixar a conferência.