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Pizzi tirou a tampa, Lage não fechou a panela e a pressão tornou-se o prato do dia (a crónica do Portimonense-Benfica)

Este artigo tem mais de 3 anos

Golos, bons movimentos, um grande Pizzi. Benfica podia ter resolvido no início mas acabou a tentar resolver-se no final. Encontrou soluções, aumentou os problemas. E o Portimonense aproveitou (2-2).

Jogadores do Benfica terminaram o encontro cabisbaixos após empate do Portimonense na segunda parte
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Jogadores do Benfica terminaram o encontro cabisbaixos após empate do Portimonense na segunda parte

CVIDIGAL

Jogadores do Benfica terminaram o encontro cabisbaixos após empate do Portimonense na segunda parte

CVIDIGAL

“Não preparei o jogo para empatar, preparei para ganhar”. O Benfica, com 54 pontos em 57 possíveis e uma série de 16 vitórias consecutivas no Campeonato, preparava em cada jornada o xeque e chegava ao Dragão para o mate. Estávamos no início de fevereiro. Hoje, não só joga em resposta ao que faz o FC Porto como percebe que a mínima jogada em falso pode significar o fim definitivo de um jogo que parecia ganho. As peças são as mesmas, o técnico que as movimenta também mas uma quebra de raciocínio deixou que os azuis e brancos recuperassem um total de sete pontos e passassem mesmo para a frente. Por isso também, e no regresso após a pandemia, o empate sem golos com o Tondela depois da derrota dos dragões em Famalicão teve outro peso e significado.

Benfica perde vantagem de dois golos ao intervalo, empata em Portimão e leva uma vitória nos últimos dez jogos

Primeiro, a frustração de mais um dia em que a finalização voltou a pecar entre bolas ao poste, remates tirados em cima da linha e oportunidades travadas por Cláudio Ramos. Depois, o choque de um ataque à pedrada a um dos autocarros que transportava os jogadores de regresso ao Benfica Campus, no Seixal – acentuado por ter havido ainda inscrições ameaçadoras e insultuosas nas casas de alguns jogadores e do técnico Bruno Lage, neste caso com a agravante de uma ser já na porta dentro do edifício. Por fim, uma conversa dura de Luís Filipe Vieira, líder do clube que foi ao balneário apontar o dedo ao plantel pelo resultado. Em poucas horas, o sonho de voltar ao topo do Campeonato tornou-se um pesadelo onde um empate soube a derrota e a estabilidade saiu abalada.

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De fevereiro para cá, olhando para as seis jornadas da Primeira Liga antes e depois da pandemia, o Benfica ganhou apenas um jogo (e pela margem mínima, em Barcelos), sofreu duas derrotas (no Dragão e com o Sp. Braga na Luz) e ia na terceira igualdade consecutiva, com Moreirense, V. Setúbal e Tondela. Em paralelo, aquele ataque que na época passada chegou à centena de golos teve apenas cinco remates certeiros entre seis golos sofridos. Ainda assim, Lage manteve a resposta em forma de pergunta: “Falávamos nisto se a bola tem entrado?”.

“Estamos confiantes e unidos. Sobre o ataque, foi uma situação que aconteceu, que tivemos de viver mas que está completamente ultrapassada. Não temos medo nenhum, temos é uma vontade enorme que o jogo comece. Luís Filipe Vieira? O presidente vai ao balneário quando entender, neste caso foi uma conversa de pai para filhos. Mas o caminho é este, há que repensar, refletir e tentar evoluir”, comentou na antevisão o treinador do Benfica, Bruno Lage, falando ainda dos problemas que as equipas da frente estão a sentir neste regresso do futebol, que já se sentiram também na Liga alemã, mas diferenciando isso da situação que o conjunto encarnado está agora a atravessar: “Temos a obrigação de ganhar, de marcar golos e de fazer cada vez mais e melhor”.

Ao contrário do que aconteceu na intervenção de Vieira ao plantel (naquilo que o líder dos encarnados viria após a reunião da Liga descrever como “um desabafo que toda a gente tem”, deixando a mensagem que “o grupo é forte, sério e profissional”), Bruno Lage não colocou em causa o empenho dos jogadores nem o reconhecimento pelas condições oferecidas pelo clube mas tocou num ponto que considerava fundamental para inverter a série de maus resultados: não falhar nos momentos chave, muitas vezes por pequenos lapsos de concentração. Até em relação à equipa inicial, a única mexida, mais tática do que técnica, passou pela entrada de Cervi para o lugar de Gabriel (que também teve alguns problemas físicos nos últimos dias), deixando Taarabt a mandar no meio-campo.

Ao intervalo, o Benfica saiu a ganhar. E a ganhar com dois golos de vantagem na primeira parte, não só porque conseguiu recuperar no seu jogo os movimentos ofensivos que colocaram a dupla Pizzi-Rafa a fazer funcionar o ataque mas também porque jogou sem medos, sem receios, sem complexos. Se na madrugada de sexta-feira, num ato cobarde sem nome, adeptos que estão ainda por identificar – no nome porque de resto já se percebeu quem são, o que fazem e onde andam – pintaram na moradia do médio as frases “Pizzi filho da p***, tás avisado”, hoje, sem responder ao que nunca poderá merecer resposta porque não devia existir, o 21 escreveu “Melhor marcador da Liga. Eu tinha avisado. Assinado: Pizzi”. Deu a cara no encontro, pelo Benfica e a todos. Mas não chegou.

Ficha de jogo

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Portimonense-Benfica, 2-2

26.ª jornada da Primeira Liga

Portimão Estádio, no Algarve

Árbitro: Carlos Xistra (AF Castelo Branco)

Portimonense: Gonda; Hackman, Lucas Possignolo, Willyan, Henrique Custódio (Fali Candé, 46′); Pedro Sá (Aylton Boa Morte, 46′), Dener (Rômulo, 90+7′); Júnior Tavares, Lucas Fernandes (Jadson, 84′); Ricardo Vaz Tê (Beto, 67′) e Bruno Tabata

Suplentes não utilizados: Samuel, Marlos, Bruno Costa e Rodrigo

Treinador: Paulo Sérgio

Benfica: Vlachodimos; André Almeida, Rúben Dias, Jardel (Ferro, 24′), Grimaldo (Nuno Tavares, 24′); Weigl, Taarabt (Gabriel, 80′); Pizzi, Cervi (Seferovic, 80′); Rafa e Carlos Vinícius (Dyego Sousa, 80′)

Suplentes não utilizados: Svilar, Florentino Luís, Chiquinho e Jota, Seferovic

Treinador: Bruno Lage

Golos: Pizzi (18′), André Almeida (31′), Dener (66′) e Júnior Tavares (76′)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Willyan (45′), Fali Candé (52′), Weigl (57′), André Almeida (57′), Lucas Possignolo (73′), Beto (86′), Hackman (86′) e Gabriel (86′)

O Benfica não entrou em campo para o segundo tempo e deixou-se empatar (2-2). Tinha encontrado soluções, voltou a criar mais problemas. Quando devia ter 70% de posse para controlar, não foi além dos 30% para ser controlado. Podia ter resolvido e agora continua a tentar resolver-se, numa espiral que, somando jogos de todas as provas já vai numa vitória em dez encontros, igualando o pior registo de sempre numa série (2007/08). As fraquezas nas bolas paradas acabaram por ficar mais à vista mas houve muito mais, do eclipse das unidades mais ofensivas a mais um jogo falhado de Weigl, passando pela insistência (novamente sem resultado) de Bruno Lage em lançar sempre dois avançados para ter outro peso na frente sem que jogue para aproveitar isso mesmo. Assim, e depois de ter falhado a liderança, pode ficar a dois pontos do FC Porto e a aumentar a pressão interna.

Uma combinação entre Cervi, Pizzi e Grimaldo logo aos quatro minutos que soltou em profundidade o lateral esquerdo para o cruzamento atrasado que viria a ser cortado pela defensiva contrária e um período de maior posse ainda nos dez minutos iniciais dos algarvios que foram rodando a bola entre corredores no meio-campo adversário acabaram por ser as duas primeiras imagens de um filme que não teria nada a ver com a forma como se iniciou. Por um lado, porque nunca o Portimonense conseguiu ter capacidade de incomodar minimamente o Benfica; por outro, porque o Benfica nunca conseguiu causar muita mossa ao Portimonense pela esquerda. E ainda houve outra, com remates que se não saíram do Portimão Estádio pouco faltou de Grimaldo (10′) e Rafa (15′). Tiro e mira estavam longe do mesmo alvo para acertarem em cheio. Mas seria uma questão de tempo até mudar.

[Clique nas imagens para ver os melhores momentos do Portimonense-Benfica em vídeo]

Numa das primeiras ocasiões em que o Benfica conseguiu explorar um movimento de rutura aproveitando o facto de Rafa estar a jogar mais solto no meio a acompanhar Vinícius mas com liberdade para ir caindo nas alas, o golo inaugural surgiu quase de forma natural: o internacional português conseguiu receber nas costas de Henrique Custódio, fez o movimento interior a chamar a si o central mais à esquerda e assistiu Pizzi na área que, sozinho, rematou forte e colocado de pé esquerdo sem hipóteses para Gonda (18′). A defesa do Portimonense, que com linhas juntas tinha estado a cumprir bem nos minutos iniciais – à semelhança do que já tinha acontecido no jogo com o Gil Vicente –, mostrou aí as vulnerabilidades que lhe valem o penúltimo lugar e o desbloqueador mental do 1-0 permitiu a partir daí que os encarnados agarrassem de vez no encontro para “mudarem o chip”.

A lesão muscular de Jardel, numa fase onde o brasileiro era elogiado por todos como elemento em melhor forma desde o regresso aos trabalhos, acabou por ser a única nota negativa de uma primeira parte onde os laterais foram sempre seguros e capazes de chegar à frente para ações ofensivas, Rúben Dias foi arriscando com sucesso os passes verticais, Taarabt funcionou como pêndulo por onde todo o jogo em posse passava e os quatro da frente, sempre com velocidade e mobilidade nos movimentos, encontraram a sua zona de conforto para criarem outro tipo de problemas a um setor recuados dos algarvios que ia somando erros. Num deles, mais um, surgiu o segundo golo: André Almeida insistiu mesmo percebendo que o passe de Pizzi apanhou Lucas Possignolo, o central falhou o corte e a bola ficou à mercê do agora capitão para encostar perante a saída de Gonda (31′).

O intervalo chegou com uma vantagem justa dos encarnados, uma equipa com personalidade e que nesse aspeto parece ter ficado no balneário: Paulo Sérgio mexeu nas substituições e nos próprios posicionamentos da formação do meio-campo para a frente, Aylton Boa Morte teve uma boa entrada mas foi sobretudo do demérito do Benfica, que regressou de forma apática, pouco pressionante e a reagir em vez de agir que se escreveu o resto do jogo. As oportunidades, essas, vieram sobretudo em lances de bola parada mas os algarvios tiveram sempre olhos para a baliza de Vlachodimos e uma invulgar capacidade mental de acreditar até ao final que era possível. E foi.

Já sem Grimaldo, que saiu também lesionado no joelho após um choque a três com Hackman e Cervi, Dener, na sequência de um livre lateral do lado esquerdo do ataque, reduziu a desvantagem de cabeça aparecendo no espaço da defesa à zona entre Rúben Dias e Ferro (66′). Nem mesmo esse golo teve o condão de agitar os encarnados para segurarem o encontro de outra forma, deixando-se à mercê de novo lance como o do 2-1 para poder sofrer o empate que chegaria apenas dez minutos depois, quando Vlachodimos ainda fez uma primeira defesa a cabeceamento de Lucas Possignolo mas, na segunda bola, Júnior Tavares marcou um golo ao ângulo que tão cedo não esquecerá (76′). Gabriel, Dyego Sousa e Seferovic foram para dentro de campo, houve uma pressão maior mas não mais o resultado voltaria a mexer. E, com outra frescura na frente, o final podia ter sido ainda pior para o Benfica.

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