No início do jogo, com a atual proibição de adeptos em estádios de futebol, imperou o ambiente de fair play entre quem torcia pelo Portimonense e pelo Benfica. À semelhança do que já aconteceu noutros jogos desde o regresso do Campeonato, houve alguns aventureiros que se colocaram nas varadas e nos telhados das casas que circundam o Portimão Estádio, com camisolas de algarvios e lisboetas, na esperança de ver aquilo que só está acessível através da televisão e em sinal fechado. Cá mais em baixo, à volta do recinto, as autoridades tentavam evitar ajuntamentos. Conseguiram, até perto do final. Aí, sobretudo após o apito final, foi diferente.

Pizzi tirou a tampa, Lage não fechou a panela e a pressão tornou-se o prato do dia (a crónica do Portimonense-Benfica)

Quando o autocarro do Benfica deixou o Algarve, com grande aparato policial à mistura, cerca de 100 adeptos já estavam concentrados perto da zona onde o veículo ficou estacionado. Ainda se ouviram alguns aplausos mas houve sobretudo assobios e insultos quando o “Vermelhão” saiu rumo ao Seixal, já depois das 23h, altura em que os jogadores se encontravam no interior à espera. O quinto empate consecutivo (inédito em termos históricos) e a série com apenas uma vitória em dez jogos levou a que a contestação se voltasse a fazer sentir.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

À chegada ao Benfica Campus, já de madrugada, o Record contava um total de sete carros da PSP, três carros do Corpo de Intervenção e vários agentes com viaturas descaracterizadas. Desde o apito final no Algarve que houve um evidente reforço em torno da infraestrutura, depois do ataque ao autocarro na semana passada após o nulo com o Tondela, sendo que nenhum adepto foi visto nas proximidades. Aliás, o único sinal de contestação apareceu mesmo numa tarja pendurada num painel publicitário com a frase “Lage € Vieira, rua”.

Lage continua a bater recordes – mas agora negativos. “Se sou solução? Está tudo tranquilo, não há problema nenhum”, diz

De recordar que, antes do jogo, as câmaras da SportTV tinham “apanhado” uma conversa entre o presidente e o treinador dos encarnados nas imediações do hotel onde a equipa estava a estagiar, um episódio que o técnico não deixou passar ao lado mostrando o seu incómodo pela situação. “Se sou solução? Já falei sobre isso. Falei com o presidente, fomos ver o mar como vocês sabem, está tudo tranquilo, não há problema nenhum”, disse na última resposta após o empate frente ao Portimonense na zona de entrevistas rápidas do canal.

Autocarro do Benfica atacado a caminho do Seixal à saída da A2, dois jogadores sofreram ferimentos

De acrescentar ainda que, apesar de ter estado concentrado com a comitiva encarnada durante o estágio antes da partida no Algarve (algo que já se tinha verificado no período de recolhimento do plantel no Seixal antes do recomeço da Liga), Luís Filipe Vieira não se deslocou ao Portimão Estádio para assistir ao jogo.

Casas de Pizzi, Rafa, Grimaldo e Lage vandalizadas. Vieira confirma queixas na polícia. PSP identifica grupo ligado ao ataque