Quatro jogos, dois fora e dois em casa. Três vitórias e um empate. Desp. Aves, Tondela, P. Ferreira e Sporting. O V. Guimarães não perde desde que recebeu o FC Porto, a meio de fevereiro, e à entrada para a visita ao Belenenses SAD esta quinta-feira sabia que até em caso de empate podia carimbar a melhor da fase da época. Ainda assim, e de forma evidente, existia uma pressão acrescida em cima dos ombros dos vimaranenses que tornava imprescindível a conquista da vitória.

Afinal, esta quinta-feira, a corrida pelas competições europeias também passava pela Cidade do Futebol. Depois de uma jornada inaugural da retoma em que Rio Ave e Sp. Braga perderam e V. Guimarães e Sporting empataram, o Famalicão somou a vitória contra ao FC Porto a uma outra, já esta terça-feira, contra o Gil Vicente: e enquanto primeira das cinco equipas a entrar em campo na 26.ª jornada, igualou os pontos do Sporting e descolou do V. Guimarães e do Rio Ave, começando a criar raízes no quinto lugar que dá acesso à Liga Europa. Ora, cientes de que um deslize contra o Belenenses SAD podia ameaçar as ambições europeias, os vimaranenses estavam obrigados a ganhar para ficarem novamente a dois pontos do Famalicão.

No segundo jogo na Cidade do Futebol, depois de o Santa Clara ter recebido o Sp. Braga na semana passada, o Belenenses SAD enfrentava o V. Guimarães sem Silvestre Varela, o experiente avançado que na jornada anterior assinou um grande golo que ajudou a equipa de Petit a vencer o Desp. Aves. Varela lesionou-se na visita aos avenses e motivava a única alteração no Belenenses SAD, com Licá a entrar para a frente de ataque. Com mais nove pontos do que o penúltimo classificado, o Portimonense, e a apenas um do 10.º lugar do Gil Vicente, a equipa de Petit tem como objetivo alcançar a melhor posição possível até ao fim da temporada e conquistar o maior número de pontos nas jornadas restantes.

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Depois de 15 minutos iniciais em que as duas equipas procuraram perceber como é que a outra se iria apresentar, o V. Guimarães começou a alavancar uma superioridade natural. Com muitos jogadores envolvidos na transição ofensiva e uma identidade vincada, muito associada a Ivo Vieira e ao trabalho que o treinador tem vindo a desenvolver na equipa, os vimaranenses apareciam com muita mobilidade na zona imediatamente antes da área do Belenenses SAD e estiveram muito perto de abrir o marcador em duas ocasiões consecutivas. Marcus Edwards viu Koffi roubar-lhe o golo, com uma grande defesa a responder a um livre direto quase irrepreensível (23′), e Bruno Duarte não conseguiu acertar com a baliza num autêntica carreira de tiro (24′).

Ainda assim, e tal como muitas vezes acontece ao V. Guimarães, acabou por ser o Belenenses SAD a marcar primeiro. Numa fase em que a equipa de Petit estava totalmente recuada no próprio meio-campo e sem presença ofensiva, foi uma transição rápida de André Santos pelo corredor central que desbloqueou a defesa adversária: Cassierra ofereceu uma linha de passe na direita e cruzou para a grande área, onde Licá falhou o toque de calcanhar e Sacko fez autogolo quando tentava evitar que a bola chegasse a Marco Matias (28′). O V. Guimarães estava a jogar mais, estava totalmente por cima do jogo e estava até perto de marcar — mas permitiu uma simples incursão dos azuis e ficou em desvantagem.

Depois do golo, a partida voltou àquilo que tinha sido até então: o V. Guimarães a atacar e a procurar o empate, o Belenenses SAD recuado e a arriscar atirar-se para o ataque apenas em transição rápida. João Carlos Teixeira esteve muito perto de repor a igualdade, com um remate forte que obrigou Koffi a mais uma defesa apertada (33′), mas não teve de esperar muito mais para festejar o golo. Já na reta final da primeira parte, Venâncio variou o flanco do lance com um passe longo, Davidson esperou por Florent e o lateral cruzou para o segundo poste, onde Teixeira apareceu a cabecear para o interior da baliza do Belenenses SAD (39′). Foi o oitavo golo na Liga do jogador de 27 anos esta época, que é também o médio das seis principais ligas europeias que precisa de menos minutos para marcar (num top 5 onde também está Bruno Fernandes).

Os jogadores de Petit ainda protestaram, alegando que João Carlos Teixeira marcou com o braço, mas o VAR validou a jogada. Até ao fim do primeiro tempo, Cassierra ainda ameaçou a baliza de Douglas, com um remate forte que passou por cima (45′), mas o jogo foi mesmo para o intervalo com igualdade no marcador.

Logo no arranque da segunda parte, Petit tirou Nilton Varela e lançou Rúben Lima — sem que tenha sido possível entender se a alteração foi motivada por um problema físico do jovem lateral esquerdo ou pelas dificuldades que estava a ter para parar aquela faixa do ataque do V. Guimarães. Num dos primeiros lances, através de um grito de Ivo Vieira para dentro de campo, foi possível perceber qual é que seria a principal estratégia dos vimaranenses para chegar à vantagem: envolver ainda mais Pêpê, o médio mais recuado, na construção ofensiva. Na zona intermédia, o Belenenses SAD tinha dois médios, Show e André Santos, muito preocupados com as movimentações de João Carlos Teixeira e Lucas Evangelista, o que deixava Pêpê com espaço e tempo para pegar no jogo e olhar de cabeça levantada para os últimos 30 metros do meio-campo adversário.

Ainda assim, foi o Belenenses SAD que melhorou no segundo tempo e que assentou arraiais na zona mais próxima da baliza de Douglas. O lance mais perigoso apareceu por intermédio de Marco Matias, que tirou Bondarenko da frente para obrigar o guarda-redes vimaranenses a uma enorme defesa (56′), e o V. Guimarães não conseguia ser eficaz na pressão para depois sair para o ataque. Ivo Vieira respondeu à passividade da equipa com as entradas de Léo Bonatini e Ola John, para os lugares dos apagados Bruno Duarte e Davidson, Petit trocou Licá por Dieguinho e o jogo ia perdendo ritmo e intensidade: o crescente cansaço físico tornava-se mais visível, apareciam mais espaços e a ideia de que um golo poderia aparecer em qualquer uma das balizas era evidente.

Ambos os golos da partida foram marcados ainda na primeira parte

Até ao fim, porém, a partida ficou completamente estagnada, numa quebra de qualidade notória que se aliava às dificuldades físicas e retirava grande parte do interesse ao confronto. Nem Belenenses SAD nem V. Guimarães conseguiam construir, nenhuma das equipas tinha um lance mais criativo e os passes falhados e os erros posicionais tornaram-se a regra. Na hora do apito final, o resultado não voltou a sofrer alterações e o Belenenses SAD somou o sexto jogo seguido sem perder, enquanto que o V. Guimarães chegou à quinta partida sem derrotas — contudo, ficava a ideia de que o vimaranenses tinham conquistado um ponto que sabia a derrota.

Com Rio Ave e Sporting a entrarem em campo esta sexta-feira, o V. Guimarães não podia fugir à possibilidade de se afundar no sétimo lugar e de se tornar o elo mais fraco da corrida às competições europeias. E o motivo disso mesmo era um jogo totalmente dividido ao meio, com uma primeira parte muito positiva e um segundo tempo sofrível, onde o exemplo mais paradigmático era João Carlos Teixeira. Até ao intervalo, o médio de 27 anos foi a figura em grande destaque no V. Guimarães, rematou à baliza, apareceu mais colado à direita a desequilibrar e ainda marcou um golo; depois do intervalo, falhou passes e perdeu dribles, esteve quase sempre desconcentrado e não protagonizou um único lance de perigo. No fim, e tal como tem acontecido ao longo de toda a temporada, os vimaranenses não conseguiram ganhar um jogo onde mostraram que são muito melhor equipa do que o adversário.