Portugal é o 10.º país da União Europeia com pior desempenho digital, divulgou esta quinta-feira a Comissão Europeia, destacando progressos no espaço comunitário, nomeadamente devido à pandemia de covid-19, que forçou uma transição para o ‘online’.

De acordo com o Índice de Digitalização da Economia e da Sociedade (DESI), agora publicado pelo executivo comunitário, “a Finlândia, a Suécia, a Dinamarca e a Holanda são os líderes no desempenho digital global na UE”.

Em sentido inverso, Portugal ocupa o 10.º lugar, num indicador que tem em conta os progressos realizados pelos Estados-membros em termos da sua digitalização, concretamente em áreas como a conectividade, o capital humano, a utilização de serviços de internet, a integração das tecnologias e ainda os serviços públicos digitais.

Portugal ficou nesta posição, desde logo, devido às “diferenças significativas” registadas no que toca à utilização de banda larga entre as zonas urbanas e rurais, mas também por causa dos “elevados custos” associados aos serviços de internet e ainda por ser dos piores classificados relativamente à abertura dos dados, segundo o relatório hoje divulgado. Acresce que o setor das tecnologias de informação e comunicação pesa menos de 3% no total da economia portuguesa, uma das percentagens mais baixas ao nível da UE.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Ainda de acordo com o documento, 22% da população portuguesa nunca teve acesso à internet.

Já mais positiva é a percentagem total de agregados familiares portugueses com acesso à internet, que fica acima dos 50%, bem como a referente aos serviços da administração pública disponibilizados ‘online’, que ascende a mais de 80%. Portugal também ocupava esta posição em 2019.

A Comissão Europeia observa que “o DESI deste ano mostra que há progressos em todos os Estados-membros e em todas as áreas-chave consideradas”, o que se torna “ainda mais importante no contexto da pandemia”.

Isto porque, de acordo com a instituição, o surto de covid-19 “demonstrou como as tecnologias digitais se tornaram essenciais, ao permitirem a continuação dos trabalhos, o acompanhamento da propagação do vírus ou a aceleração da investigação para curas e vacinas”.

Assim, o executivo comunitário nota que “as conclusões de 2020 devem ser lidas em conjunto com as numerosas medidas tomadas pela Comissão e pelos Estados-membros para gerir a crise e apoiar a recuperação”.

Os Estados-membros tomaram medidas para minimizar o contágio e apoiar os sistemas de saúde, por exemplo introduzindo aplicações e plataformas para facilitar a telemedicina e coordenar os recursos no domínio dos cuidados de saúde”, precisa a instituição.

Por seu lado, a Comissão Europeia “tomou igualmente medidas, como a emissão de uma recomendação sobre uma caixa de ferramentas comum da UE para a utilização de tecnologias e dados para combater e permitir a saída da crise, em especial no que respeita às aplicações móveis e à utilização de dados anónimos nas aplicações de rastreio”, recorda.

“Acresce que o ORECE [Organismo dos Reguladores Europeus das Comunicações Eletrónicas], a pedido da Comissão, começou a monitorizar o tráfego na internet para evitar congestionamentos”, acrescenta ainda.