É jogador na NBA, dos San Antonio Spurs, tem apenas 21 anos e um dos penteados mais famosos do basquetebol norte-americano. É natural de Reading, na Pensilvânia, e está ligado à PETA e ao ativismo contra os maus-tratos a animais. Disse uma vez, numa entrevista, que é fascinado por teorias da conspiração e antes da interrupção da competição levava uma média de 5.6 pontos e 2.2 ressaltos por jogo pelos Spurs. Até esta quinta-feira, isto era praticamente tudo o que se sabia sobre Lonnie Walker.
No Instagram, o jogador norte-americano partilhou um vídeo onde é possível perceber que cortou grande parte do penteado que era a sua imagem de marca, tendo agora o cabelo curto, apenas com um gancho desenhado junto à testa e uma cruz na zona da nuca. Em conjunto com o vídeo, Walker publicou uma entrevista recente, de quando chegou à NBA, onde explica como o penteado evoluiu desde que era adolescente até agora. Mas foi na descrição — na longa descrição — que o atleta dos Spurs acabou por abrir a porta a um dos capítulos mais pessoais que tem para contar.
“O verdadeiro motivo pelo qual eu comecei a fazer isto logo no 5.º ano foi porque era um mecanismo de camuflagem para mim. Durante o verão do meu 5.º ano, estava perto de mais familiares. De alguns, cujos nomes vou deixar em paz, estava ainda mais perto. Fui assediado e abusado sexualmente, fui violado. Até me habituei porque, naquela idade, não sabemos o que é o quê. Era um miúdo crédulo e curioso que não sabia como era o mundo real. Tinha a ideia de que o meu cabelo era algo que eu podia controlar. O meu cabelo era aquilo que eu podia fazer e criar e tornar meu. E isso deu-me confiança”, começou por revelar Lonnie Walker, desvendando depois que nos últimos tempos tem tido ainda mais dificuldades em lidar com o trauma.
“Recentemente, não estava no meu melhor. A história antiga andava a aparecer na minha cabeça e a sugar-me mentalmente. ‘Demónios’… Por causa deste vírus, comecei a olhar realmente para mim no espelho e a ver quem eu realmente era, mesmo atrás de portas fechadas. Em resumo, encontrei paz e felicidade interna ao longo desta jornada, graças a Deus. Perdoei toda a gente — até as pessoas que não merecem. Porquê? Porque é peso morto”, destacou o jogador. A decisão de cortar o cabelo, o cabelo que até aqui o tornava inconfundível, chegou de forma natural: era altura de libertar o “peso morto” e tirar, de vez, toda a “camuflagem”.
“O tempo não espera por ninguém, por que é que eu deveria gastar o meu tempo com isto? Cortar o cabelo foi mais do que um corte. O meu cabelo era a minha máscara para esconder as inseguranças para as quais eu sentia que o mundo ainda não estava preparado. Mas agora estou melhor do que nunca. Fora com o velho, que venha o novo. Deixei cair a minha pele mentalmente, emocionalmente, fisicamente e espiritualmente”, disse Lonnie Walker, para terminar com a ideia de que “a vida é sempre difícil” e é necessário “jogar com as cartas que temos”. “E se perdermos, nunca é uma derrota, é sempre uma lição”, atirou o jogador de 21 anos.
No final, além de desejar “paz, amor e felicidade”, o atleta dos Spurs adiantou que vai estar afastado do Instagram e das restantes redes sociais durante algum tempo, depois de ter feito esta revelação. Certo é que, depois de ter aberto a porta para o capítulo mais delicado da própria vida, Lonnie Walker será um dos jogadores a fazer parte da reta final da temporada da NBA, disputada na Disney World, onde os San Antonio Spurs são uma das 22 equipas apuradas.
Na Disney World, a partir de julho, com 22 equipas. O plano da NBA para o regresso