O governo do Líbano endureceu esta segunda-feira as medidas de punição, prometendo proceder a detenções para atos de vandalismo, após vários dias de manifestações desencadeadas pela depreciação da moeda nacional e pelo afundamento económico do país.

Na semana passada, o país foi assolado por manifestações e bloqueios de estradas, nomeadamente em Beirute e em Tripoli (norte), em que as forças de segurança recorreram a granadas de gás lacrimogéneo e balas de borracha contra os manifestantes que, por sua vez, atiraram pedras e saquearam bancos e várias lojas.

O retomar das tensões, entre sexta-feira e sábado, foi desencadeado pela forte depreciação da libra libanesa, que atingiu mínimos históricos, em que, no mercado paralelo, um dólar tornou-se equivalente a 5.000 libras, com alguns jornais a darem conta de que, nalguns casos, atingiu as 6.000 libras.

Oficialmente, a libra está indexada ao dólar desde 1997 a uma taxa fixa de 1.507 libras por cada unidade da moeda norte-americana.

“A partir de agora, a repetição de tais atos de vandalismo não será permitida”, assegurou esta segunda-feira o Presidente do Líbano, Michel Aoun, durante uma reunião do Conselho Superior de Defesa, dedicada unicamente à questão da segurança interna.

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No comunicado saído da reunião, Aoun indicou que as forças de segurança irão deter os que planearem e executarem os atos de vandalismo e sublinhou a importância da realização de “operações preventivas”.

Na reunião, o primeiro-ministro libanês, Hassan Diab, lançou idêntico apelo.

“Não se trata de manifestações contra a fome ou contra a situação económica, mas sim uma sabotagem organizada”, afirmou.

O exército libanês esteve esta segunda-feira nas ruas de Tripoli e dos arredores da cidade do norte do país para procurar as pessoas suspeitas de envolvimento nos atos de violência noturnos, indicou a agência noticiosa libanesa ANI.

Sexta-feira passada, com o objetivo de acalmar a cólera nas ruas, as autoridades anunciaram que o banco central libanês vai injetar dólares no mercado para baixar a taxa de câmbio e moderar os preços.

A crise económica tem sido um dos catalisadores da inédita sublevação desencadeada a 17 de outubro de 2019 contra uma classe política que se mantém no poder há décadas e que é acusada de “corrupção” e “incompetência”.

O governo pôs em marcha um plano de salvação económica e iniciou negociações com o Fundo Monetário Internacional (FMI) com vista a apoiar economicamente o país.

As autoridades de Beirute preveem um recuo de 12% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2020, agravado a uma inflação de mais de 50%, num país em que 45% da população vive na pobreza e em que mais de 35% da população ativa está desempregada.