O boletim divulgado pela Direção Geral da Saúde esta sexta-feira, relativo à pandemia do novo coronavírus, indica que há registo de mais 375 infetados, 467 recuperados e três vítimas mortais em Portugal. O número total de infeções desde o início da pandemia é agora de 38.464, o número total de pessoas recuperadas é de 24.477 e o número total de óbitos é de 1.527.

Do total de novas infeções registadas em todo o território nacional (continente e ilhas) ao longo da véspera, quinta-feira, 76%, isto é, três em cada quatro foram detetadas na região de Lisboa e Vale do Tejo e um pouco mais de metade dos novos casos (190, equivalente a 51%) estão concentrados em apenas quatro concelhos da região. São eles Lisboa, Sintra, Loures e Amadora, que têm sido especialmente atingidos pela pandemia nas últimas semanas.

Sintra com mais 74 casos em apenas 24 horas

Destes quatro concelhos, o que registou mais casos novos foi Sintra, onde foram detetados ao longo de esta quarta-feira mais 74 casos de infeção confirmada com o SARS-CoV-2. Sintra é o segundo concelho do país mais afetado pela Covid-19 desde a chegada da pandemia a Portugal e é um dos dois concelhos do país que contabilizam mais de dois mil casos confirmados de infeção. O outro é Lisboa, que conta com um maior número de habitantes e que ultrapassou nas últimas horas o marco de 3.000 casos confirmados desde o início do surto: tinha 2.979, tem agora 3.037, ou seja, foram detetados mais 58 casos nas últimas horas.

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Já em Loures, outro dos concelhos onde o número de casos detetados tem sido mais significativo nos últimos dias, foram contabilizadas mais 28 pessoas infetadas com o novo coronavírus. O concelho da Amadora, por sua vez, registou um aumento semelhante em valores absolutos: foram detetados 30 casos novos ao longo das 24 horas de esta quinta-feira.

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Se aos quatro concelhos em causa — Lisboa, Sintra, Loures e Amadora — forem somados outros concelhos da região de LVT, como Odivelas, Cascais, Almada e Seixal, a concentração de casos na região aumenta: em Odivelas foram contabilizados mais 12 casos confirmados, em Cascais mais 13, em Almada mais 14 e no Seixal mais sete. Somados, estes oito concelhos concentram 63% dos novos casos detetados esta quinta-feira.

Oeiras, um dos concelhos de Lisboa e Vale do Tejo mais afetados pela pandemia (tinha 599 casos confirmados desde o início do surto), não regista nenhum caso novo detetado. Uma situação que contrasta com os dados do concelho de Mafra, onde foram encontradas mais cinco infeções em 24 horas, Alenquer (mais três), Barreiro (mais uma) ou Montijo (mais duas).

Madeira com mais um caso. Números não batem certo em Lagos

Outro dos dados relevantes a reter do boletim divulgado esta sexta-feira pela Direção Geral de Saúde é a existência de mais um caso de infeção com o novo coronavírus na região da Madeira. Há mais de um mês que não era detetado nenhum caso novo pelas autoridades de saúde.

Há agora registo de 91 infetados no arquipélago desde o início do surto, menos do que nos Açores, onde não foi detetado mais nenhum caso de infeção nas últimas 24 horas mas onde foram identificados 143 infetados desde a chegada da pandemia a Portugal. Na Madeira não há ainda registo de nenhuma vítima mortal, enquanto nos Açores os dados apontam para um total de 15 óbitos.

Se Lisboa e Vale do Tejo voltou a ser a região do país com um crescimento mais significativo no número de casos novos (mais 284, 76% do total de novos casos em todo o território nacional), a região Sul regista um crescimento proporcionalmente muito acentuado, já que os dados da véspera apontavam para um total de 448 infetados desde março e em 24 horas esse número subiu para 480 (mais 32).

Para este aumento na região Sul contribuiu o crescimento de infeções no concelho de Lagos, onde a DGS reporta mais 20 infetados detetados nas últimas 24 horas. Foi nesta localidade que decorreu uma festa ilegal que provocou um novo surto de infeções. Porém, os números não parecem bater certos com o que disse esta sexta-feira a delegada regional de saúde do Algarve, Ana Cristina Guerreiro, que apontou para 90 infetados como consequência da festa, a maioria dos quais residentes no concelho. Ora, o boletim da DGS contabiliza apenas 31 infeções confirmadas em Lagos desde o início da pandemia.

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Além da região Sul, também a região Norte voltou a registar um aumento no número de casos, mas menos significativo. Se em valores absolutos a região teve um aumento de casos semelhante à região Sul (em 24 horas foram detetados mais 28 casos, apenas menos quatro do que no Sul do país), proporcionalmente o aumento é inferior, dado que a região Norte somava até à revelação deste novo boletim um número de casos 38 vezes superior aos da região Sul.

Na região Centro, foram identificadas mais 21 infeções e no Alentejo mais nove. Para o crescimento de infeções na região Centro contribuiu o aumento de casos confirmados em Benavente, concelho do Distrito de Santarém, onde ao longo das 24 horas de quinta-feira foram detetados mais cinco casos de infeção.

Novas vítimas mortais foram homem de 60 a 69 anos, mulher de 70 a 70 e mulher com 80 ou mais

Das três vítimas mortais infetadas com o novo coronavírus em Portugal registadas esta quinta-feira, só uma tinha 80 anos ou mais mas nenhuma tinha menos de 60 anos.

De acordo com o boletim publicado pela Direção Geral da Saúde, duas das mortes ocorreram na região de Lisboa e Vale do Tejo e uma na região Centro.

As vítimas mortais foram um homem com entre 60 a 69 anos, uma mulher com entre 70 e 79 e uma mulher com 80 anos ou mais.

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A taxa de letalidade global do novo coronavírus em Portugal é agora de aproximadamente 4% (3,97%), sendo mais significativa na faixa etária dos 60 aos 69 anos (3,4%) e sobretudo em infetados com 70 a 79 anos (10,3%) e com 80 anos ou mais (21%).

Em infetados cuja idade está entre os 50 e os 59 anos, a percentagem de mortes é de 0,8%, ou seja, morrem oito pessoas a cada mil infetadas. Em infetados com 40 a 49 anos, a percentagem de vítimas mortais é de 0,26%, ou seja, morrem aproximadamente três a cada mil infetados.

Há uma morte em Portugal na faixa etária dos 30 aos 39 anos, para 6.045 infeções confirmadas, duas mortes em pessoas com 20 a 29 anos para 5.510 casos detetados e nenhuma morte registada no país em pessoas com menos de 20 anos (embora exista registo de 1.452 casos de infeção em pessoas com 10 a 19 anos e 993 infetados com menos de dez anos).

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Internamentos e cuidados intensivos concentrados em Lisboa

Já relativamente ao número de pessoas que estão de momento hospitalizadas devido a infeção com o novo coronavírus, o boletim de esta sexta-feira indicava que à meia-noite anterior estavam internadas 442 pessoas em Portugal — mais seis do que o registado 24 horas antes.

Já o número de pessoas internadas em unidades de cuidados intensivos, ou seja, cujo estado de saúde inspira grandes cuidados, entre entradas e saídas (por morte ou recuperação) o número manteve-se: há 67 pessoas em UCI em Portugal.

A estes dados, a ministra da Saúde, Marta Temido, acrescentou outros durante a conferência de imprensa de esta sexta-feira que reforçam que é a região de Lisboa e Vale do Tejo que motiva atualmente mais preocupações nas autoridades de saúde.

Dos 422 doentes internados no país, 381 (90%, ou seja, nove em cada dez) estão internados na Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, indicou a ministra. Já das 67 pessoas em unidades de cuidados intensivos, 59 (aproximadamente também nove a cada dez) estão a ser tratadas na mesma região. Tal ajuda a explicar o porquê de grande parte do número de óbitos registados nos últimos largos dias estar concentrado nesta região do país.

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