O governo dos Estados Unidos apresentou o pedido à última hora para bloquear o lançamento na próxima terça-feira de “A sala onde tudo aconteceu”, crónica dos 17 meses que John Bolton — ex-conselheiro de segurança nacional — passou com o ocupante da Sala Oval, em 2018 e 2019, dizendo-se preocupado com a possibilidade de a obra expor informações classificadas.
A decisão do juiz Royce Lamberth é uma vitória para Bolton num processo que envolve a Primeira Emenda e preocupações de segurança nacional, embora o magistrado considere que o ex-conselheiro de Trump “jogou com a segurança nacional dos Estados Unidos” ao optar pela publicação “sem garantir a aprovação final das autoridades nacionais de informação”.
Mas com 200.000 cópias já distribuídas pelas livrarias de todo o país seria inútil tentar bloquear o lançamento do livro, escreveu Lamberth.
O livro, com um retrato pouco lisonjeiro da tomada de decisões de política externa do presidente norte-americano, segundo Donald Trump é uma “compilação de mentiras e histórias inventadas”.
“Muitas das afirmações que ele me atribui nunca existiram, são pura ficção”, escreveu o Presidente, na sua conta pessoal da rede social Twitter, acrescentando que Bolton “está apenas a tentar vingar-se” por ele o ter despedido.
BIG COURT WIN against Bolton. Obviously, with the book already given out and leaked to many people and the media, nothing the highly respected Judge could have done about stopping it…BUT, strong & powerful statements & rulings on MONEY & on BREAKING CLASSIFICATION were made….
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) June 20, 2020
Trump reagia à divulgação na quinta-feira de um extrato de uma entrevista à estação televisiva ABC, onde Bolton considera que o presidente norte-americano “não é competente para o cargo”.
“Eu penso que ele (Trump) não tem as competências necessárias para exercer o seu trabalho”, disse o ex-conselheiro da Casa Branca na entrevista.
Bolton acusa ainda Trump de confundir os “seus interesses políticos e o interesse nacional”, indicando que muitas importantes decisões do presidente são norteadas pela sua reeleição.