O défice das balanças corrente e de capital foi de 864 milhões de euros até abril, quatro vezes mais do que em período homólogo, segundo o Banco de Portugal, tendo a balança de serviços reduzido o excedente devido ao turismo.

De acordo com o comunicado do banco central, “este saldo resulta dos défices das balanças de bens e de rendimento primário, que apenas foram parcialmente compensados pelos excedentes das balanças de serviços, de rendimento secundário e de capital”.

Dentro da balança corrente, entre janeiro e abril, o défice da balança de bens diminuiu 379 milhões de euros face a período homólogo (para 5.138 milhões de euros negativos) e o excedente da balança de serviços reduziu 1.371 milhões de euros (2.899 milhões de euros).

O Banco de Portugal atribui a redução do excedente da balança de serviços sobretudo à queda das viagens e turismo, referindo que da queda do excedente dessa balança, 1.057 milhões de euros, “resultaram da rubrica viagens e turismo, em consequência da evolução negativa registada no mês de abril”.

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Apenas em abril, referiu, houve uma queda do saldo das viagens e turismo de 825 milhões de euros, “em resultado de um decréscimo de 85,4% nos créditos e de 74,2% nos débitos relativamente ao período homólogo”.

Quanto às exportações de bens e serviços, até abril caíram 15,0% (11,9% nos bens e de 21,4% nos serviços) e as importações diminuíram 11,2% (10,8% nos bens e de 13,0% nos serviços), um resultado que revela o Banco de Portugal foi muito influenciado pelo mês de abril, já que nesse mês as exportações e as importações de bens e serviços caíram de forma significativa face a período homólogo (46,5% nas exportações e 38,3% nas importações).

Quanto à balança de rendimento primário, o défice aumentou 117 milhões de euros face a período homólogo (para 536 milhões de euros negativos), uma subida, “em grande medida, justificada pela redução dos rendimentos de investimento recebidos de entidades não residentes”.

A balança de rendimento secundário aumentou o excedente em 117 milhões de euros (1.196 milhões de euros), devido ao aumento das “prestações sociais recebidas do exterior e da redução da contribuição financeira paga por Portugal, por comparação ao período homólogo”. Já as remessas de emigrantes caíram ligeiramente para 986 milhões de euros entre janeiro e abril (menos dois milhões de euros do que nos primeiros quatro meses de 2019).

Na balança de capital, o excedente aumentou 276 milhões de euros (para 714 milhões de euros), o que é atribuído ao aumento dos recebimentos de fundos comunitários e à redução das aquisições de ativos intangíveis.

Por fim, até abril, o saldo da balança financeira registou uma diminuição dos ativos líquidos de Portugal face ao exterior no valor de 1.356 milhões de euros (passando a 1.356 milhões de euros negativos). O Banco de Portugal atribui a queda ao “aumento de passivos, com o investimento de não residentes em títulos de dívida pública portuguesa”.

Em sentido contrário, houve uma “redução de passivos do Banco de Portugal junto do Eurosistema e um aumento de ativos dos bancos sobre entidades não residentes, em títulos de dívida e em depósitos no exterior”.