A Organização Mundial da Saúde (OMS) desafiou esta segunda-feira os laboratórios farmacêuticos a aumentarem a produção do medicamento anti-inflamatório dexametasona, reiterando que o fármaco apenas deve ser administrado a doentes com Covid-19 em estado grave e sob supervisão médica.

Segundo o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, que falava numa videoconferência de imprensa, o dexametasona “pode salvar doentes em estado grave”, mas apenas deve ser administrado a estes pacientes e sob “supervisão clínica”.

“O desafio, agora, é aumentar a produção e distribuir rapidamente, e de forma equitativa, o dexametasona em todo o mundo, focando-nos onde é mais necessário”, afirmou o diretor-geral da OMS, a partir da sede da organização, em Genebra, na Suíça.

De acordo com Tedros Adhanom Ghebreyesus, a procura do medicamento anti-inflamatório esteroide aumentou, depois de dados preliminares de um estudo realizado no Reino Unido terem revelado o efeito benéfico do fármaco, ao reduzir a mortalidade de doentes com Covid-19 que têm dificuldade em respirar e precisam de receber oxigénio ou estar ligados a um ventilador.

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“É um medicamento barato, existem muitos fabricantes em todo o mundo que podem acelerar a produção”, sublinhou o diretor-geral da OMS, exortando os países a serem solidários, a trabalharem “juntos” para que o fármaco “chegue aos países e aos doentes mais necessitados”.

Na quarta-feira, o presidente da autoridade nacional do medicamento (Infarmed), Rui Santos Ivo, admitiu que o dexametasona pode já estar a ser usado em Portugal no combate a casos graves de Covid-19, mas pediu cautela na interpretação dos resultados do estudo.

Rui Santos Ivo adiantou que o uso do fármaco está autorizado em Portugal desde a década de 1960, sendo utilizado “em várias situações” devido, nomeadamente, às suas “características de anti-inflamatório e imunossupressor”.

A pandemia da Covid-19 já provocou mais de 468 mil mortos e infetou quase 9 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência noticiosa francesa AFP.

Em Portugal, morreram 1.534 pessoas das 39.392 confirmadas como infetadas, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

A doença respiratória é causada por um novo coronavírus (tipo de vírus) detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes.