Gillian Tans, presidente do conselho de administração da plataforma de reserva online de hotéis Booking.com, referiu esta terça-feira que, em muitos países, o número de viagens domésticas está a crescer. A responsável da empresa afirma que “antes de haver uma vacina ou um tratamento as pessoas não vão sentir-se confortáveis”. Porém, disse que “o que está a voltar são as viagens locais [domésticas]”.

De acordo com Tans, que falou numa conferência do Colision From Home, a edição online do evento irmão da Web Summit, este fenómeno das viagens domésticas é mais sentido “na China, Coreia do Sul e Vietname, mas também em locais como a Alemanha”. Antes da pandemia, estas viagens dentro de países representavam “45% do negócio da Booking”. “Agora, representam cerca de 70% das reservas”, adiantou.

Não obstante, Tans, que falou a partir de Amesterdão, nos Países Baixos, onde é a sede da empresa, afirmou que, para já, ainda não consegue responder a muitas das questões. Tans assume que, mesmo com estas mudanças, a recuperação completa do negócio “pode demorar anos”, como afirmou à Bloomberg, o presidente executivo da Booking, Glenn Fogel, no início de maio.

Em março, a Booking teve uma quebra de 70% das marcações em relação ao período pré-covid. Em abril, esses números foram ainda maiores: 85%. Estas percentagens, como foi referido na conversa, nem sequer têm em conta o número de cancelamentos. São referentes apenas a marcações. Por causa disso, Tans afirma que os estabelecimentos têm de encontrar novas formas para cativar clientes.

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“O mais importante é a segurança e as pessoas sentirem-se confortáveis a viajar”, aconselhou. “Na Booking, vemos que é muito isso [que está a afetar a decisão das pessoas]”, continuou. Para resolver este problema, a responsável da plataforma disse que agora, mais do que nunca, os hotéis têm de apostar em preços competitivos e na flexibilidade de marcações para conseguirem “a confiança dos clientes”. E, isto tudo, tem de estar aliado a uma base segurança para os visitantes.

Acho que os parceiros estão muito ansiosos por saber como é que podem ter a certeza disso. A primeira parte [de recomendações] é transparência sobre higiene. Isso é algo que é muito importante. A Booking está a mostrar como isso á fazível. Depois, as janelas de marcações estão a mudar. Os nossos parceiros têm de garantir que têm boas ofertas e preços, os clientes têm de encontrar bons preços. [Por fim], as críticas, agora as pessoas estão a olhar muitos [principalmente] para as críticas mais recentes”, disse Tans.

Mesmo assim, a mulher responsável pela Booking afirma que não faz prognósticos sobre como é que esta situação vai progredir economicamente. Pede, por isso, políticas claras e transversais de higiene para os estabelecimentos saberem o que fazer. A plataforma da Booking tem cerca de 6,6 milhões de propriedades registadas no site. Para os negócios mais pequenos, Tans prometeu que a Booking está a criar novas “ferramentas” para ajudar nesta fase.

A presidente da Booking foi oradora em 2019 na Web Summit, em Lisboa. O Collision decorre normalmente no Canadá, em Toronto. Contudo, este ano, está a ser completamente online devido à pandemia.

Evento irmão da Web Summit arrancou online, mas Paddy quer Collision ao vivo já em 2021

O Collision From Home decorre até quinta-feira e recebe nos vários canais online nomes como: Pierre-Dimitri Gore-Coty, vice-presidente do Uber Eats; Brittany Kaiser, uma das denunciantes que revelou o escândalo da Cambridge Analytica; entre outros nomes relevantes do ecossistema tecnológico que também costumam marcar presença na Web Summit. Esta terça-feira, o canal principal do evento vai receber Tedros Adhanom Ghebreyesus, o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde.

Entre as apresentações que têm decorrido, o Collision From Home tem mostrado um vídeo promocional à Web Summit, mas sem falar de datas. Na semana passada, Paddy Cosgrave revelou através do Twitter que “a Web Summit vai decorrer em Lisboa” seguindo os “mais rigorosos protocolos de saúde, conforme orientação do Governo de Portugal. Contudo, desde 16 de junho, data da publicação, nem o governo, nem a Câmara Municipal de Lisboa, nem a organização da Web Summit avançaram mais informações.