O relatório anual de 2020 da Europol alertou para o facto de o Escudo Identitário ser “um dos grupos identitários mais ativos em Portugal” e avisou que os Hammerskins continuam ativos, “apesar da menor capacidade de mobilizar seguidores”.

No relatório, esta terça-feira divulgado, a Europol conclui que os Hammerskins conseguiram organizar um encontro em Sintra, em janeiro, e outro em Lisboa, em março, que reuniu “várias gerações de ‘skinheads’, incluindo militantes veteranos do Movimento de Ação Nacional (MAN) e membros de uma banda rock Ódio e Guarda de Ferro, que cessaram as suas atividades há vários anos”.

Há dez dias, em 13 de junho, o Ministério Público acusou e pediu o julgamento de 27 arguidos por crimes de discriminação racial, religiosa ou sexual, ofensa à integridade física, incitamento à violência, homicídio qualificado, roubo, tráfico de estupefacientes e de armas, num processo relacionado com os Hammerskins.

Ainda no capítulo sobre as organizações extremistas, a agência europeia descreve que em Portugal “as atividades de grupos neo-nazis têm relações muito próximas com grupos e organizações do movimento europeu identitário”. “Em Portugal, um dos grupos identitários mais ativos é o ‘Escudo Identitário'”, acrescenta a Europol.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O relatório da Europol também destaca o grupo Blood & Honour, já banido da Alemanha, que desde 2015 realiza um festival de música anual, com o último a acontecer em Lavra, Matosinhos — de acordo com as autoridades, não cativou uma multidão, tal como se lê no Jornal de Notícias. A mesma entidade confirma que Brenton Tarrant, autor do ataque às mesquitas de Christchurch que em 2020 foi condenado por terrorismo e pela morte de 51 pessoas, esteve em Portugal e passou por Tomar antes do ataque.

Autor do ataque às mesquitas de Christchurch assume culpa dos 51 assassinatos

Já no Relatório Anual de Segurança Interna (RASI) de 2019, citado pelo Diário de Notícias, o Serviço de Informações de Segurança (SIS) escreve que a “extrema-direita tem vindo a reorganizar-se” no país, “reciclando discurso, formando novas organizações e recrutando elementos junto de determinadas franjas sociais a que normalmente não acediam num passado não muito distante”.

No mesmo documento, o SIS destaca ainda que as atividades destes grupos não têm apenas em conta a ideologia neonazi. “Tem sido verificada uma estreita conexão com outros grupos e organizações existentes na Europa, nomeadamente associados à tendência identitária, que também ganhou espaço em território nacional.”