A Cultura pode levar os portugueses a refletir sobre os incêndios e outras questões ambientais, defendeu esta terça-feira a ministra da tutela, Graça Fonseca, em Penacova, na apresentação de um projeto-piloto nesta área com um investimento de 185 mil euros.

“Este é um projeto para alterar comportamentos”, disse a ministra da Cultura na cerimónia de assinatura de quatro protocolos de colaboração entre as direções regionais de Cultura do Norte, Centro, Algarve e Alentejo, e a Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais (AGIF).

Graça Fonseca, que intervinha numa cerimónia ao ar livre, na Pérgula Raul Lino, cujo centenário está a ser comemorado pela Câmara Municipal de Penacova, no distrito de Coimbra, salientou que “as artes já mudaram várias vezes o curso do mundo”.

Na sua opinião, as artes e a cultura devem também influenciar “o papel dos humanos na sua relação com a natureza”, levando-os a refletir sobre problemas atuais como os incêndios, alterações climáticas, poluição dos oceanos, degelo dos polos e em geral proteção do ambiente.

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O projeto “Não brinques com o fogo” visa, através das artes, sensibilizar as populações para a necessidade de mudar comportamentos que possam originar fogos e promover a valorização e proteção dos territórios.

O investimento de 185 mil euros da AGIF será operado pelas quatro direções regionais de Cultura.

Os agentes culturais, a partir desta terça-feira, podem apresentar candidaturas para a “produção de espetáculos multidisciplinares ao ar livre e ações de capacitação das populações”, segundo uma nota conjunta do Ministério da Cultura e da AGIF, cujo presidente, Tiago Oliveira, interveio também na sessão, tal como presidente do município de Penacova, Humberto Oliveira.

Os espetáculos serão apresentados, em setembro e outubro, em oito concelhos escolhidos pela AGIF tendo em conta a sua classificação com grau de risco elevado de incêndio: Penacova, Vila Nova de Poiares, Coimbra, Ourém, Paredes, Gondomar, Gavião e São Brás de Alportel.

Graça Fonseca disse que, em 2021, a iniciativa “Não brinques com o fogo” terá continuidade “com mais concelhos e mais verbas”, já que o Governo entende que “a arte pode mesmo mudar o mundo”.

Para Tiago Oliveira, o projeto, que tem uma primeira fase com duração de um ano, constitui “uma ferramenta muito relevante no envolvimento da comunidade” no processo de prevenção dos incêndios florestais.

Esta terça-feira, realçou, “as aldeias estão rodeadas não de terra arável, mas de mato” e as pessoas “têm de perceber que as práticas culturais do passado já não são compagináveis com o atual contexto”, social e ambiental, e com a idade dos habitantes do mundo rural, onde predomina a tendência para o seu envelhecimento.

“Correndo bem este ano, podemos expandir o projeto para outros territórios”, informou igualmente o presidente da AGIF.

A ministra da Cultura explicou que a iniciativa enquadra-se “numa visão estratégia mais ambiciosa a 10 anos”, refletida no Plano Nacional de Gestão Integrada e Fogos Rurais, apresentado pelo Governo na terça-feira.

Trata-se, segundo Graça Fonseca, de um projeto inscrito “numa dinâmica de colaboração entre cultura e ambiente”, que convida as pessoas a refletir sobre as alterações climáticas, a proteção do ambiente e matérias conexas.

Os avisos para as candidaturas foram publicados esta terça-feira pelas quatro direções regionais de Cultura, devendo as propostas ser formalizadas até 14 de julho.

Podem candidatar-se pessoas coletivas de direito privado dos concelhos abrangidos pelo programa e que exerçam atividades profissionais de natureza não lucrativa nas áreas do teatro, música, dança, circo contemporâneo, artes de rua e artes visuais.