Ossufo Momade falava aos jornalistas numa “comunicação à nação por ocasião do dia da independência nacional”. “Este processo, mais conhecido por DDR [Desarmamento, Desmobilização e Reintegração], encara desafios como a aceitação e o acolhimento destes compatriotas pela sociedade, sem nenhuma discriminação nem hostilização por terem sido membros das forças da Renamo”, afirmou.

O líder da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) avançou que a sociedade deve criar condições para que os antigos guerrilheiros se sintam moçambicanos com os mesmos direitos e liberdades dos seus compatriotas.

“A reconciliação nacional só será efetiva na medida em que os reintegrados se sentirem moçambicanos com os mesmos direitos e liberdades iguais aos dos demais”, ressalvou Ossufo Momade.

O dirigente assinalou que o principal partido da oposição está empenhado em assegurar um DDR bem-sucedido e com dignidade e humanismo para os seus ex-guerrilheiros.

Sobre as ações armadas da Junta Militar da Renamo, uma ala dissidente do braço armado do partido, aquele líder político condenou a violência armada do grupo, distanciando-se dos ataques a civis e às Forças de Defesa e Segurança (FDS).

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“Os cidadãos que protagonizam esses ataques não recebem ordens da Renamo para praticá-los, não recebem nenhuma logística do nosso estado-maior general e não recebem nenhuma deliberação de qualquer órgão do partido Renamo para agir nesse sentido”, frisou Ossufo Momade.

O líder do partido destacou que a liderança e os quadros do principal partido da oposição também têm sido alvo de ameaças por parte da referida Junta.

“Os que atacam na zona centro agem por conta própria e fora da filosofia e orientações do partido Renamo”, insistiu o presidente do principal partido da oposição.

Pelo menos 38 guerrilheiros da Renamo em Sofala entregaram no início deste mês as armas, no âmbito do DDR.

O porta-voz da Renamo, José Manteigas, disse à Lusa que a desmobilização está a ser feita por fases, devido às medidas de prevenção contra a pandemia da Covid-19.

A 3 de dezembro do ano passado, 10 oficiais da Renamo passaram a incorporar as fileiras do Comando-Geral da Polícia moçambicana, no âmbito do processo de pacificação.

O processo de DDR é parte do acordo de Paz e Reconciliação Nacional assinado em agosto do ano passado entre Filipe Nyusi e o líder da Renamo.

O pacto é contestado pela autointitulada Junta Militar da Renamo, uma dissidência da guerrilha do braço armado do principal partido da oposição dirigida pelo general Mariano Nhongo.

O grupo de Mariano Nhongo é acusado de protagonizar ataques no centro de Moçambique, desde agosto do ano passado, visando forças de segurança e civis em aldeias e nalguns troços de estrada da região, tendo causado, pelo menos, 24 mortos.