O presidente do Governo da Madeira concorda com a “injeção” de 1,2 mil milhões de euros na TAP, porque o mesmo já foi feito por outros governos, mas alerta que não pode representar um “cheque em branco” à transportadora.

“Acho que faz sentido esta injeção de capital, porque todas as companhias aéreas, KLM, a Lufthansa, todas receberam apoios do Estado. O que é importante é que esse apoio não seja um cheque em branco“, declarou Miguel Albuquerque aos jornalistas à margem da visita que efetuou esta terça-feira às instalações do Aquaparque, um espaço de lazer no concelho de Santa Cruz.

Sobre o anúncio de uma reunião agendada para sexta-feira solicitada pela administração da TAP para definir as rotas da companhia para a Madeira, feito esta terça-feira pelo matutino Jornal da Madeira, o governante madeirense sublinhou ser importante “estabelecer uma parceria com a companhia aérea”.

No seu entender, existem dois pontos importantes a tratar nesse encontro, começando pela “necessidade de retomar aquelas rotas que existiam e foram canceladas, dos destinos emissores de turismo”, mencionando as ligações com Londres, Madrid, Paris e, “eventualmente, Berlim”.

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“Eram rotas que traziam muito turismo e também madeirenses residentes em Londres”, sublinhou.

Para o chefe do executivo madeirense, é igualmente importante “para o turismo da Madeira e para a operação da TAP discutir a questão do tarifário”.

“Tem que existir um acordo com a companhia, no sentido de o baixar, porque não faz nenhum sentido que os preços para o Porto Santo e a Madeira estejam, neste momento, a atingir mais de 500 euros, para um percurso que é inferior a 1.000 quilómetros”, argumentou.

O responsável social-democrata madeirense enfatizou estar em causa “uma operação em território nacional”, considerando “importante que a TAP tenha um papel decisivo de coesão territorial, económica dentro do território” português, efetuando ligações para o Algarve, Açores e Madeira, regiões que precisam recuperar a industria turística.

“Acho que, neste momento, a TAP tem uma hipótese, que é dentro do contexto de retoma económica, adotar uma nova filosofia, no sentido de garantir que contribui para o desenvolvimento económico do país”, vincou.

Miguel Albuquerque insistiu que “a TAP tem aqui um papel determinante do ponto da retoma da industria turística nacional”, apontando “não fazer sentido nenhum sentido que, sobretudo com a contribuição que o Estado tem dentro da companhia, sendo um acionista prevalente, com administradores nomeados, não o faça”.

No entender do governante madeirense, “isso não significa que a TAP tenha de perder dinheiro”, salientando que uma “das rotas em que tem ganho dinheiro tem sido na da Madeira”.

Miguel Albuquerque opina que o reforço da operação de voos regulares a partir dos principais destinos emissores, “à partida vai ter sucesso, se for bem promovida, e contribuirá decisivamente para o desenvolvimento da região e da indústria nacional, o turismo”.

Mais frequências para reduzir o preço das viagens, tornando-os “mais acessíveis”, a possibilidade de atribuir o subsídio de mobilidade aos cidadãos portugueses que se desloquem dentro do território nacional e o retomar os destinos emissores tradicionais, embora a sua situação epidemiológica ainda seja complicada, são medidas preconizadas pelo líder madeirense.

Contudo, conclui que “a Madeira tem como princípio básico a segurança sanitária, por isso, vai aplicar a realização dos testes” à chegada a partir de 1 de julho nos aeroportos da região.

Os acionistas privados da TAP, o consórcio Atlantic Gateway, que detém 45%, estão a negociar com o Estado – detentor de 50% da transportadora – um apoio de 1,2 mil milhões de euros para combater o impacto da Covid-19, mas ainda não é claro que consequências terá essa ajuda.