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Marega fez a festa na noite de São João (e da Santa Clara) – a crónica do FC Porto-Boavista

Este artigo tem mais de 3 anos

Após uma primeira parte desinteressante, Conceição mexeu bem ao intervalo e FC Porto goleou Boavista (4-0) com bis de Marega num jogo que valeu mais do que três pontos – e até houve fogo de artifício.

Marega foi ao banco buscar uma camisola de Marcano para dedicar primeiro golo ao central espanhol ausente por lesão
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Marega foi ao banco buscar uma camisola de Marcano para dedicar primeiro golo ao central espanhol ausente por lesão

Pedro Correia

Marega foi ao banco buscar uma camisola de Marcano para dedicar primeiro golo ao central espanhol ausente por lesão

Pedro Correia

Onde é que tu estavas no Porto a 23 de junho de _____? O ano, desde que não puxasse para a década de 40 (já explicamos o porquê), era um bocado indiferente mas alguma memória saltaria. Uma memória que deveria ter um martelinho, aquele alho porro, umas sardinhas (de cada vez), o balão da praxe. Tudo aquilo que o São João de 2020 não teve, entre cafés e lojas de conveniência que fechavam às 19h, restaurantes a encerrar às 23h, um espetáculo no Coliseu que estava esgotado mas que foi cancelado porque também a pandemia “Não deixa o pimba em paz”, a ponte Dom Luís cortada, o metro a parar antes da meia-noite ou o fogo de artifício adiado. Ainda assim, e voltamos agora à década de 40, onde o FC Porto teve dois jogos das meias da Taça nessa data, houve também futebol.

FC Porto goleia Boavista com bis de Marega e isola-se na liderança da Liga

“As pessoas no Norte têm mostrado um grande respeito pelas normas de segurança propostas pelo Governo, ao contrário de outras regiões do país. Espero o mesmo comportamento e que tudo corra de uma forma normal, para que estejamos todos contentes, no final do jogo, cada um no seu espaço, a festejar uma vitória no São João”, dizia Sérgio Conceição na antecâmara do dérbi com o Boavista, após um final de semana marcado por uma reunião na Liga feita de forma extraordinária para avaliar aquilo que ninguém queria: adiar o encontro. Alguns pensaram que era noite de São João e havia dérbi; outros, e bem, pensaram que era noite de São João mas apesar de tudo havia dérbi (à porta fechada). Por mais que se tente “normalizar”, nada é normal neste ano de 2020.

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“Temos de ter mais penáltis a favor, já tivemos ocasiões para isso e não fizemos golos. Temos de criar mais situações dentro da área para que o adversário crie mais penáltis. Falhamos um, marcamos o segundo, falhamos dois, temos de ter três. Dentro do nosso jogo temos 12 oportunidades mas temos de criar 15 ou 20 para fazermos golos. É trabalhar cada vez mais, temos de nos focar nisso para ganharmos jogos”, apontou o técnico dos azuis e brancos justificando os quatro pontos e apenas dois golos marcados após a retoma. “Nos últimos três jogos fizemos 70 remates, criámos inúmeras oportunidades de golo mas não conseguimos marcar. Neste último é preciso enaltecer toda a dinâmica que possibilitou criar as oportunidades, ao contrário do que se andou a publicitar. Faltou fazer o golo, que é o mais importante, cabe-nos criar ainda mais oportunidades para fazer golos”.

Em vez de se agarrar aos resultados, Conceição agarrou-se às dinâmicas. Em vez de falar nas falhas individuais, pensou em tudo numa vertente coletiva. Em vez de olhar para trás, ou neste caso para o lado, olhou para cima e para a frente. Mas como o final de um Campeonato é o reflexo da campanha de 18 equipas, aquilo que se passou na Luz não demorou a chegar aos jogadores portistas. Sim, era noite de São João mas era também noite de Santa Clara, que tinha acabado de ganhar na Luz ao Benfica por impensáveis 4-3 com duas reviravoltas à mistura de ambas as formações. E Fábio Silva, antes do início do FC Porto-Boavista, enquanto se encaminhava para o banco, perguntou a um responsável o resultado final do adversário direto, partilhando depois a informação com alguns dos companheiros também suplentes. O dérbi valia três pontos mas representava mais do que isso.

Ficha de jogo

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FC Porto-Boavista, 4-0

28.ª jornada da Primeira Liga

Estádio do Dragão, no Porto

Árbitro: Artur Soares Dias (AF Porto)

FC Porto: Marchesín; Tomás Esteves (Wilson Manafá, 46′), Pepe, Mbemba, Alex Telles, Sérgio Oliveira (Danilo Pereira, 73′), Otávio; Corona (Fábio Vieira, 80′), Luis Díaz (Uribe, 46′); Marega e Soares (Fábio Silva, 73′)

Suplentes não utilizados: Diogo Costa; Diogo Leite, Vítor Ferreira e Aboubakar

Treinador: Sérgio Conceição

Boavista: Helton Leite; Carraça, Fabiano, Dulanto (Ackah, 73′), Ricardo Costa, Marlon (Fernando Cardozo, 66′); Paulinho (Mateus, 85′), Idris, Gustavo Sauer; Bueno (Stojiljkovic, 66′) e Yusupha (Heriberto, 66′)

Suplentes não utilizados: Bracali, Lucas, Obiora e Reisinho

Treinador: Daniel Ramos

Golos: Marega (53′ e 84′), Alex Telles (60′, g.p.) e Sérgio Oliveira (70′, g.p.)

Ação disciplinar: cartão amarelo a Paulinho (3′), Otávio (22′), Sérgio Oliveira (34′), Fernando Cardozo (86′) e Ackah (90+4′)

No final, e após uma primeira parte com poucos motivos de interesse, acabou em goleada (4-0). E acabou assim porque Sérgio Conceição foi fiel ao que tinha dito antes do encontro. “Um avançado que crie espaço para um companheiro fazer golo é tão interessante como fazer um golo. Temos de perceber que o trabalho dos avançados não é só fazer golos, também pedimos aos defesas que façam golos nas bolas paradas e que os avançados sejam os primeiros a defender, na primeira zona de pressão. O nosso guarda-redes é o primeiro a construir porque uma equipa grande como o FC Porto tem de utilizar muito o guarda-redes. O futebol é um jogo coletivo”, salientou. Ou seja, em vez de cair na tentação de lançar Fábio Silva ou Aboubakar, criou condições para Soares e sobretudo Marega serem melhor servidos. Assim, ganhou e goleou. E carimbou da melhor forma uma noite que muda o Campeonato porque permite que os azuis e brancos tenham margem de manobra para errar, o que dá outro “conforto” a qualquer equipa. Houve até fogo de artifício nesta noite de São João… e da Santa Clara.

E a cara de Sérgio Conceição quando um livre de Sérgio Oliveira em zona privilegiada bateu na barreira e saiu pela linha de fundo mostrava muito da intenção do FC Porto a abrir o encontro. Ou melhor, mostrava “a” intenção do FC Porto a abrir o encontro: marcar. De bola parada ou de bola corrida, o técnico percebia o peso que tinha entrar bem no dérbi para esquecer o tiro ao boneco de pólvora seca na Vila das Aves e estabilizar no plano emocional uma equipa que se desequilibrou com o passar dos minutos nos últimos jogos quando o resultado não era favorável. A pressão foi intensa frente a um Boavista que praticamente não passou do meio-campo em 15 minutos mas nem Pepe (na sequência de um livre lateral, a cabecear ao lado) nem Marega (remate na passada após assistência de Tomás Esteves para defesa de Helton Leite) conseguiram desfazer o nulo que coroasse a boa entrada.

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Com o passar dos minutos, e muito por influência de um jogador que faz jus ao nome pela entrega que tem ao jogo (Carraça), os axadrezados começaram a ter outra capacidade de ligar passes e obrigaram mesmo Otávio e Sérgio Oliveira a verem cartões amarelos que condicionavam para o resto do encontro ao travarem iniciativas que poderiam levar perigo. Iniciativas atacantes, essas, foram quase nulas. Yusupha ainda tentou um remate lançado em profundidade entre Pepe e Mbemba mas saiu um passe para Marchesín, Bueno foi o único boavisteiro a tocar a bola na área contrária. No entanto, e não conseguindo criar, os visitantes também não deixavam o FC Porto ir criando e só Corona, com um remate ao lado na área a rasar o poste, criou perigo antes do intervalo (40′).

Ao intervalo, e ao contrário do que já aconteceu com outros “grandes” no mesmo contexto, Sérgio Conceição teve o mérito de manter a frieza perante o nulo e perceber que nem sempre lançar avançados à bruta para dentro de campo traz qualquer resultado prático se não for feito com cabeça. Assim, e percebendo as dificuldades que os azuis e brancos sentiam para queimar linhas perante a bem organizada muralha do Boavista, lançou Wilson Manafá para poder fazer o flanco direito de alto a baixo e possibilitar que Corona e Otávio tivessem mais jogo interior e colocou também Uribe no meio-campo para dar outro critério na construção, ficando Alex Telles com o corredor todo para si também com a saída de Luis Díaz. No plano teórico, e olhando apenas para as características dos jogadores em causa, não havia ali nada de ofensivo; na prática, fez toda a diferença.

Com uma entrada mais forte, com atitude redobrada e linhas de pressão subidas, o FC Porto encontrou espaços onde antes não existiam e inaugurou o marcador por Marega, numa grande jogada pelo espaço interior com Uribe a queimar linhas para Corona e o mexicano a assistir o maliano com classe para o 1-0. Seis jogos depois, aparecia o golo de um avançado portista que funcionaria como catalisador para um rápido resolver da partida em poucos minutos: Alex Telles aumentou a vantagem de penálti após falta de Dulanto sobre Marega na área assinalada por Soares Dias e confirmada pelo VAR apesar dos protestos axadrezados (60′), Helton Leite ainda tirou o golo a Otávio numa grande jogada individual mas Sérgio Oliveira, também de penálti por corte com o braço de Dulanto após cruzamento de Marega na área, apontou mesmo o 3-0 que fechou por completo o encontro (70′), antes de o maliano, servido na perfeição por Fábio Vieira, fechar a goleada com o quatro golo (86′).

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