A Tesla lançou uma nova versão do Model S, com mais autonomia. Para marcar a diferença, o novo modelo, apesar de ser em tudo similar à versão Long Range, excepção feita para as soluções destinadas a incrementar-lhe a autonomia em quase 9%, adopta a designação Long Range Plus. Isto para deixar claro que a berlina topo de gama do construtor norte-americano passa a poder percorrer 402 milhas entre recargas, cerca de 647 km.

Já há algum tempo que a Tesla pretendia bater este recorde, ao ultrapassar a fasquia das 400 milhas (cerca de 644 km) de autonomia. E, segundo Elon Musk, todos os Model S fabricados desde Janeiro, estavam já equipados com as soluções que elevavam a autonomia anterior em 32 milhas, cerca de 51 km. De recordar que, em Abril de 2019, a Tesla anunciou para o Model S Long Range a capacidade de percorrer 370 milhas entre recargas, segundo o método americano EPA, que correspondeu aos 610 km de autonomia de acordo com o sistema europeu WLTP. Ora foram exactamente essas 370 milhas de autonomia que agora evoluíram para 402 milhas (647 km), em EPA.

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De onde vem a economia?

Em 2012, quando apresentou a primeira versão do Model S, a Tesla anunciava em EPA 265 milhas (427 km), na altura todo um recorde, pois os eléctricos mais conhecidos no mercado eram o Nissan Leaf, surgido um ano antes, equipado com uma bateria de 24 kWh e que anunciava uma autonomia de 175 km segundo o ciclo NEDC, que deverá corresponder a cerca de 130 km em WLTP. O Renault Zoe, introduzido no mercado no mesmo ano do Model S, propunha 22 kWh de bateria e 210 km (NEDC) entre recargas (cerca de 160 km em WLTP).

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Em Abril de 2019, a Tesla anunciou que o Model S Long Range passava a poder percorrer 370 milhas, em EPA, com a autonomia a subir então para 402 milhas. O ganho de eficiência energética foi conseguido à custa de uma redução da massa do veículo, aplicando muitos dos conhecimentos conseguidos com a introdução dos Model 3 e Model Y. As jantes Aero Wheels, mais aerodinâmicas, aliadas aos pneus mais modernos e com menor atrito, permitiram economizar 2%. O motor traseiro por indução passou a ter a lubrificação assegurada por uma bomba de óleo eléctrica, em vez de mecânica, dando igualmente o seu contributo, que o fabricante estima em mais 2%. Por fim, o sistema de regeneração de energia durante a travagem e desaceleração, com esta última a trabalhar até velocidades inferiores, gerando mais energia.

Na Europa, qual vai ser o ganho em autonomia?

Para já, a Tesla obteve a homologação americana, segundo o método EPA, mais difícil de conseguir porque não só é a Environmental Protection Agency que realiza as medições, como o método é mais exigente e próximo da realidade do que o WLTP, o congénere europeu. Neste último, o regulador confia e aceita as medições avançadas pelo fabricante, em laboratório, depois de uma análise preliminar e de acordo com um protocolo pré-estabelecido.

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A Tesla teve uma troca de galhardetes com os representantes da EPA que, em primeira instância, não atingiram as 402 milhas, ficando-se pelas 391, apesar de o fabricante prever 400 milhas. Mas como todos os modelos da marca estão sempre ligados ao fabricante, na Califórnia, a Tesla reparou que, durante o teste de autonomia e certamente por descuido, uma das portas foi deixada aberta com a chave dentro do carro, dado que o ciclo deve aparentemente deve prever um período de paragem durante a sua simulação de viagem. Ora isto impediu que o veículo entrasse em modo de poupança de energia, continuando com todos os sistemas ligados, o que provocou um consumo superior. A EPA começou por negar mas, depois de ter estado com os seus serviços encerrados devido à pandemia, voltou a testar o Model S Long Range Plus e lá encontrou um valor acima das 400 milhas, mais precisamente 402 – um novo recorde para veículos eléctricos.

Para a Europa ainda não há valores homologados, estando previstos para breve. Contudo, é possível calcular (aproximadamente) qual será a nova autonomia a anunciar na Europa, segundo o método WLTP. Face aos resultados anunciados pela marca depois das melhorias introduzidas em Abril de 2019 no Model S Long Range, onde lhe foi atribuída uma autonomia de 610 km (WLTP) na Europa e 595 km (370 milhas) nos EUA, é possível constatar uma diferencial de 15 km em autonomias desta ordem de grandezas. Numa aproximação grosseira, se aplicarmos este diferencial de 15 km entre a norma europeia e americana, concluiríamos que os 647 km (402 milhas) da nova versão Long Range Plus, em EPA, deverá rondar 662 km, de acordo com o protocolo europeu.

Realizando os cálculos de outra forma, ainda mais simples, se introduzirmos um ganho de 9% na autonomia actualmente anunciada (610 km), é possível antecipar uma autonomia de 665 km para o novo Long Range Plus. Em conclusão, não ficaríamos espantados se o novo Model S Long Range Plus se revelasse capaz de percorrer entre 662 e 665 km entre duas visitas ao posto de carga. Para se ter uma ideia da vantagem face à concorrência, podemos recordar que o Porsche Taycan 4S (250 km/h e 4,0 segundos de 0-100 km/h) com a bateria Performance Plus, a mais generosa (93,4 kWh), se fica pelos 463 km de autonomia, sendo este o melhor dos Taycan. Face a este rival, o Model S Long Range Plus deverá reivindicar cerca de mais 200 km – um ganho de aproximadamente 43% – entre recargas, apesar de anunciar uns similares 250 km/h e 0-100 km/h em 3,8 segundos.