A Polícia de Segurança Pública desencadeou esta manhã uma operação na Área Metropolitana de Lisboa (concelhos de Lisboa, Amadora, Vila Franca de Xira e Loures) no cumprimento de mandados de busca domiciliária e de detenção por vários crimes relacionados com o grupo organizado de adeptos conhecido como No Name Boys. Foram detidas, no total, sete pessoas: seis esta manhã, “com idades entre os 22 e 33 anos”, afirmou o Comissário Bruno Pereira em conferência de imprensa, e outra “ao fim da noite de ontem”, que tinha em sua posse uma arma de fogo proibida.

As buscas tiveram como alvo casas, viaturas e outros espaços frequentemente visitados pelos detidos, revelou o mesmo agente da autoridade, e de entre os vários artefactos apreendidos (“potes de fumo artesanais, máscaras, soqueiras, facas, sprays e material desportivo”) destacam-se “manuscritos” com informações sobre jornalistas, membros de direções de clubes e comentadores desportivos. Este tipo de comportamento leva a PSP a falar de uma “dimensão organizativa que vai para lá do normal” para este tipo de crimes.  O mesmo Comissário explicou que os crimes em questão foram “planeados pelos suspeitos de forma relativamente organizada”, havendo conhecimento prévio de “moradas, viaturas e rotinas” que “permitiam orquestrar agressões violentas de adeptos rivais” e não só.

Em comunicado emitido na manhã desta quinta-feira, o Comando Metropolitano de Lisboa da PSP informou que na origem da operação estava uma investigação a elementos da claque No Name Boys, apoiante do Benfica. Os indivíduos em questão pertencem a uma fação mais radical da claque benfiquista que já há algum tempo tem vindo a ser seguida pelas autoridades e em causa, explicou o Comissário Bruno Pereira, estão acontecimentos que decorreram entre maio do ano passado e maio deste ano.

De acordo com a PSP, estão a decorrer várias diligências processuais e investigatórias, nomeadamente, buscas domiciliárias e não domiciliárias, bem como o cumprimento de vários mandados de detenção fora de flagrante delito, emitidos por autoridade judiciária.

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“Ao longo de aproximadamente um ano, foram investigados vários crimes, entre eles, roubos, ofensas à integridade física qualificadas, danos e homicídio na forma tentada, praticados por um grupo de indivíduos pertencentes à claque No Name Boys, refere a PSP.

Agressões a claques rivais na origem da investigação

Entretanto, fonte do Cometlis adiantou à agência Lusa que a operação está relacionada com a agressão, em maio, a um homem alegadamente pertencente à Juventude Leonina, por parte de um grupo de mais de 30 indivíduos com camisolas dos ‘No Name Boys’.

O porta-voz do Cometlis, Artur Serafim, disse que a operação está relacionada com a agressão a um homem alegadamente pertencente à Juventude Leonina, em maio, em São João do Estoril, concelho de Cascais, distrito de Lisboa.

Na altura, em comunicado, a PSP dizia que o homem, de 32 anos, que se encontrava sozinho, estava a ser agredido quando um agente da PSP, em patrulhamento de prevenção criminal no local, se apercebeu da situação e interveio. “Os suspeitos cessaram as agressões e colocaram-se em fuga em várias direções, não tendo sido possível intercetar nenhum deles”, segundo a PSP.

Apesar da intervenção do agente policial, a vítima sofreu várias lesões, foi esfaqueada e teve de ser transportado para o hospital Santa Maria. A polícia adiantava que “apesar dos suspeitos estarem de rosto tapado, a vítima reconhece-os em virtude de existir uma rivalidade antiga entre eles”.

Também na origem destas buscas e detenções estão episódios como os confrontos violentos que decorreram em nas imediações do Estádio de Alvalade, que envolveu 15 a 20 membros dos No Name Boys e que resultou na hospitalização de dois membros da claque rival Diretivo Ultras XXI, apoiante do Sporting. O Observador sabe que recentemente, membros dos No Name Boys voltaram a dirigir-se durante a noite, a um local onde costumam juntar elementos de claques do Sporting, mas acabaram por fugir sem se registar nenhum confronto.

Também está envolvido o ataque ao autocarro do Benfica e as pinturas nas casas dos jogadores.

Detidos podem ter vandalizado casa de Bruno Lage

Os sete membros dos No Name Boys detidos podem ainda estar ligados a atos de vandalismo registados em residências do treinador e futebolistas do Benfica, admitiu o comissário Bruno Pereira.

Questionado em conferência de imprensa sobre se entre os suspeitos detidos poderiam estar os responsáveis pelos insultos inscritos nas paredes das casas de Bruno Lage e Pizzi, pelo menos, o agente da força policial responsável pela investigação assumiu que pode “haver uma relação direta ou, pelo menos, da mesma natureza com esses factos”.

“Não consigo concretizar que haja uma relação direta entre os arguidos detidos hoje com essa situação, mas esses factos estão sob investigação e existe a possibilidade de, entre os suspeitos detidos hoje e os que possam vir a ser identificados, haver uma relação direta ou pelo menos da mesma natureza”, disse o comissário da Polícia de Segurança Pública (PSP).