Estável. Foi a palavra que António Costa mais usou para explicar os 14 gráficos que mostram a situação epidemiológica em Portugal. Quase ao fim do segundo mês do desconfinamento, as linhas do número de casos e o risco de transmissibilidade começam a dar sinais de aumentos — ainda que bastante ligeiros, segundo o primeiro-ministro. Por outro lado, o número de doentes recuperados continua a subir e Portugal já passou a barreira de um milhão de testes feitos. Eis os 14 gráficos que o primeiro-ministro utilizou para garantir aos portugueses que o cenário está estável numa altura em que decidiu dar um passo atrás no desconfinamento da região de Lisboa e Vale do Tejo.
Curva dos casos aumenta, mas longe de um cenário como Itália ou Espanha
Embora ligeiro, desde o início do desconfinamento (representado com uma linha verde no gráfico), tem-se verificado um crescimento na curva dos casos de coronavírus registados em Portugal — que se aproxima a cada dia que passa da linha dos 50 mil casos. Ainda assim, apesar deste aumento a curva real está longe daquela que é a curva exponencial — que retrata um cenário como os que se viveram em Itália ou Espanha de um autêntico pico nos casos da Covid-19.
Em Portugal, a curva continua de facto achatada e o tão falado o planalto parece continuar a prolongar-se no tempo — ou, como António Costa prefere dizer, há um “quadro de estabilidade”.
Risco de transmissibilidade está nos 1,08. Já teve máximos de 2,41
Já lá vai o tempo em que o risco de transmissibilidade (Rt) do vírus entre os portugueses estava abaixo de 1: aconteceu ao longo do mês de abril — quando grande parte dos portugueses estava confinada em casa. Mas, desde o início do desconfinamento, este valor começou a subir, tendo atingido, entre 16 e 18 de junho, o máximo de 1,12, segundo explicou o primeiro-ministro no briefing da tarde desta quinta-feira. No entanto, na reunião do Infarmed desta quarta-feira, tal como o Observador avançou, foi mostrado um gráfico que revelava que o valor máximo atingido desde o desconfinamento era de 1,19.
Os números que não aparecem no boletim. Portugal com Rt acima de 1,19, o maior entre 27 países
Atualmente, adianta, o Rt , isto é, a quantidade de pessoas que um doente infetado pode contaminar está situado nos 1,08. É um valor que ainda está acima do mínimo registado desde o desconfinamento: 0,94 no dia 4 de maio. Ainda assim também está longe dos piores cenários alguma vez registados. “Nos períodos mais difíceis desta pandemia, chegámos a ter níveis que andaram nos 2,41”, apontou o primeiro-ministro.
Era, aliás, segundo António Costa, esperado que o Rt aumentasse assim que as medidas de confinamento aliviassem. “Não era imaginável podermos avançar para o desconfinamento, com aumento da mobilidade das pessoas sem que isso implicasse necessariamente um aumento do risco de contágio”, disse o primeiro-ministro, lembrando que foi sempre necessário tomar especial atenção “à evolução da situação para ver se esse aumento do risco de contágio se tornava algo que não fosse controlável ou se se mantinha dentro de padrões aceitáveis”. O que é o caso: o primeiro-ministro diz que o Rt está “estável e próximo do 1 — o que é comparável com o que tem acontecido com outros países que foram seguindo o desconfinamento”. Na reunião de quarta-feira, os especialistas mostraram um quadro em que o Rt de Portugal aparecia no topo de uma tabela de 27 países.
Novos casos notificados aumentam, mas estão igualmente “estáveis”
Desde o início de maio até hoje, os novos casos diários notificados, apesar de variarem a cada dia, “têm-se mantido com variações essencialmente estáveis”, assegurou o primeiro-ministro no briefing da tarde desta quinta-feira.
De forma mais geral, desde o anúncio de plano de desconfinamento, a linha tem sofrido um ligeiro aumento, não tendo, no entanto, atingido os valores que se verificavam antes de os portugueses começarem a desconfinar.
Mais testes realizados, mas percentagem de novos casos estável
António Costa insiste que “o importante é relacionar o número de novos casos com o número de testes realizados”. E conclui: “Não obstante do aumento do número de testes, temos mantido a percentagem de novos casos numa linha essencialmente estável”.
Segundo explicou, exatamente no dia do início do desconfinamento, havia 11,4% dos casos positivos relativamente aos testes realizados — o valor mais alto registado. Há cerca de 15 dias, no último Conselho de Ministros, esse valor era de 4%. Atualmente, de todos os testes realizados, 4,8% deram positivo.
Também esta quinta-feira, porém, a Câmara do Porto publicou dados do INSA que revelam que o número de testes em Lisboa e Vale do Tejo é semelhante ao do Norte. Por isso, a autarquia nega que surto de Lisboa seja consequência de mais testes.
Média de testes realizados por semana aumentou depois do desconfinamento
À exceção da semana dos feriados, de 8 a 14 de junho, “verificamos que houve sempre um nível de testagem muito elevada”, disse António Costa. Atualmente, está a realizar-se uma média de mais de 98 mil testes realizados por semana — um valor muito superior quando comparado com os cerca de 76 mil testes por semana realizados antes do desconfinamento. “Não obstante este acréscimo de número de testes, temos mantido esta estabilidade essencial relativamente ao número de casos confirmados a nível nacional”, acrescentou o primeiro-ministro.
Internamentos aumentaram a 7 de junho, mas mantêm-se estáveis
Desde o início de do desconfinamento o número de pessoas internadas continuou a diminuir, uma tendência que já se verificava desde meados de abril. “Tivemos uma queda contínua até dia 7 de junho. Desde 7 de junho, temos mantido um número estável”, lembra António Costa. Foi nesse dia que a linha voltou a subir, “embora relativamente estável”. Portugal passou de 968 pessoas internadas no início do desconfinamento para 436 internadas ao dia de hoje.
Número de internados nos cuidados intensivos subiu, mas depois estabilizou
“Relativamente estável”, diz António Costa, está também o número de doentes internados em unidades de cuidados intensivos. Desde o início do desconfinamento, o valor desceu de 172 para 67 internados. A 7 de junho “houve uma ligeira subida e estabilização”.
Taxa de ocupação dos cuidados intensivos está nos 62%
No que diz respeito à taxa de ocupação das unidades de cuidados intensivos, o gráfico do Governo mostra que nunca chegou aos 85 %. O gráfico também mostra que começou a subir ligeiramente desde o dia 4 de maio, mas que, segundo o primeiro-ministro, se tem mantido estável. “Está hoje nos 62%”, disse.
Portugal tem uma das taxas de letalidade mais baixas da União Europeia
Há uma “linha tendencialmente decrescente” no que diz respeito às mortes, desde o início do desconfinamento, embora variável de dia para dia. “Temos uma taxa de letalidade de 3,8% — o que significa uma das mais baixas do conjunto da UE”, disse António Costa, justificando que se deve “por um lado ao facto de a doença ter atingido a generalidade das pessoas de uma forma menos letal e pela capacidade de resposta do SNS”.
Número de recuperados aumenta desde final de maio
Dos cerca de 40 mil casos detetados sensivelmente ao longo destes três meses, existem 26.382 mil pessoas recuperadas, detalhou o primeiro-ministro. Desde o início de maio que esse número tem aumentado.
Número de casos ativos passou para metade do máximo atingido
O aumento do número de recuperados traduz-se “numa redução muito significativa do número de doentes ativos”. “No início de maio, quando começámos o desconfinamento, ainda houve um aumento para 24065 [casos ativos]”, explica o primeiro-ministro. Esse valor fixa-se agora nos 12.484 — “quase metade do máximo que tínhamos atingido”, aponta ainda.
Portugal em sexto da UE na capacidade de testagem
Portugal é o sexto país da UE que maior número de testes por milhão de habitante tem realizado, assegura o primeiro-ministro: 108 mil testes por milhão de habitantes.
Número de testes realizados já superou a barreira de um milhão
O número de testes realizados já superou a barreira de um milhão. O aumento tem sido gradual desde o início da pandemia, tendo sido realizados 1.116.847 testes.
Doentes internados aumentam ligeiramente após desconfinamento
De todos os casos positivos de infeção, 96,5% estão em tratamento domiciliário, 2,9% estão em cuidados hospitalares e 0,6% em cuidados intensivos. Desde o início do desconfinamento notou-se um ligeiro aumento dos doentes internados.