A Federação Nacional de Professores (Fenprof) saiu de uma reunião com o Ministério da Educação que diz ter sido “tirada a ferros” sem conhecer as propostas da tutela para o próximo ano letivo, lamentou o secretário-geral da estrutura sindical.

“Aquilo que nós poderíamos dizer, e que resulta da reunião, é que nos parece que há vontade para que o ensino seja presencial, mas não há ainda propostas para a organização do ano tendo em conta os vários cenários”, disse Mário Nogueira.

Em conferência de imprensa, o dirigente sindical disse que da parte do Governo parece ainda haver muita indefinição em relação àquilo que vai ser o próximo ano letivo, depois de um 3.º período atípico, devido à pandemia de Covid-19 em que alunos e professores se viram afastados das escolas.

A Fenprof foi a última estrutura sindical ouvida pelo Ministério da Educação, num dia que a secretária de Estado, da Educação Susana Amador, e o secretário de Estado Adjunto e da Educação, João Costa, reservaram para receber os representantes dos professores.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Foi a primeira reunião a propósito das questões relacionadas com a organização do ano letivo, mas é uma reunião que já se realiza tarde”, lamentou Mário Nogueira, afirmando que o encontro foi “tirado a ferros” e sem a apresentação de propostas concretas por parte do executivo.

Já a estrutura sindical, entregou um conjunto de propostas para diferentes cenários possíveis, em função da evolução da pandemia da Covid-19 em Portugal, prevendo tanto a possibilidade de retomar em pleno o ensino presencial, como a necessidade de voltar ao trabalho a distância.

Entre as propostas, a Fenprof sugere a distribuição gratuita de equipamentos de proteção individual, a redução do número de alunos por turma conforme a dimensão das salas de aula e o reforço dos recursos humanos das escolas, incluindo professores, assistentes operacionais e profissionais para as equipas multidisciplinares que assegurem um apoio psicossocial aos alunos no regresso às aulas.

Mário Nogueira adiantou, por outro lado, que apesar da falta de certezas, o Ministério da Educação confirmou o reforço das tutorias, com vista à recuperação das aprendizagens que ficaram por consolidar no 3.º período.

Para o cenário em que não é possível assegurar a presença de todos os alunos nas escolas, a Fenprof sugere que os alunos com menor autonomia digital, desigualmente as crianças mais novas, tenham prioridade nas atividades presenciais, preocupação que, segundo o secretário-geral, foi acompanhada pelo Ministério.

Segundo o dirigente sindical, depois de uma reunião em que o feedback por parte do Governo foi parco, a tutela comprometeu-se a convocar um novo encontro, para discutir aspetos concretos da organização do próximo ano.

“Esperamos que na próxima reunião seja possível superar o atraso com que as coisas parecem estar a ser feitas e que seja possível definir aspetos concretos de como as aulas vão funcionar”, sublinhou Mário Nogueira.

Para já, a única informação sobre o próximo ano é que deverá arrancar entre 14 e 17 de setembro, datas que foram bem recebidas pela Fenprof, que defende um calendário escolar semelhante ao habitual.