A chanceler alemã, Angela Merkel, afirmou esta sexta-feira que o seu país tem capacidade para assumir dívida para ajudar a financiar o fundo de recuperação da União Europeia, porque a prosperidade da UE é do interesse da Alemanha.

“Numa crise desta dimensão, cada um deve fazer o que tem de ser feito [e] o que tem de ser feito neste caso é algo extraordinário”, disse Angela Merkel numa entrevista a seis jornais europeus publicada esta sexta-feira.

“A Alemanha tinha uma baixa taxa de endividamento e pode permitir-se, nesta situação extraordinária, assumir mais dívida”, acrescentou.

Para a chanceler, fazê-lo “é naturalmente” do interesse da Alemanha, que beneficia de “um mercado interno forte” e de “uma União Europeia que se aproxima e não se desintegra”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Como sempre, o que é bom para a Europa é bom para nós”, disse.

Angela Merkel e o Presidente francês, Emmanuel Macron, apresentaram em maio uma proposta para um fundo de recuperação de 500 mil milhões de euros financiados pela emissão de dívida pela Comissão Europeia, uma rutura com a posição tradicional de Berlim contra a emissão de dívida conjunta.

Na entrevista, ao espanhol La Vanguardia, ao britânico The Guardian, ao francês Le Monde, ao alemão Süddeutsche Zeitung, ao italiano La Stampa e ao polaco Polityka, a chanceler defende que os Estados-membros devem unir-se e ter especial consideração pelos países mais atingidos pela pandemia.

“Para Itália e Espanha, por exemplo, a pandemia de coronavírus significa um enorme fardo em termos económicos, médicos e, naturalmente, porque muitas vidas se perderam, emocionais”, disse.

“Nestas circunstâncias, o mais acertado é a Alemanha não pensar apenas em si própria, mas estar preparada para fazer parte de um ato extraordinário de solidariedade”, acrescentou.

Angela Merkel insistiu que embora o fundo “não possa resolver todos os problemas da Europa”, sem ele todos os problemas ficariam piores.

“A saúde económica da Europa pode influenciar muitos aspetos. Um desemprego muito elevado num país pode tornar-se politicamente explosivo e, dessa forma, aumentar as ameaças à democracia. Para que a Europa sobreviva, a sua economia tem de sobreviver”, afirmou.