Os trabalhadores das cantinas, lavandarias, limpeza e manutenção dos hospitais cumprem na segunda-feira uma greve nacional para exigir melhores salários e condições de trabalho à administração do Serviço de Utilização Comum dos Hospitais (SUCH).

Em comunicado divulgado esta sexta-feira, a Federação dos Sindicatos de Agricultura, Alimentação, Bebidas, Hotelaria e Turismo de Portugal (Fesaht) diz ter solicitado à administração do SUCH “que se realizasse uma reunião para retomar o processo de negociações dos salários e das condições de trabalho para o ano de 2020, apontando a data de 29 de maio como proposta”, mas “a administração do SUCH não respondeu e mantém o silêncio”.

Face à situação, a Fesaht/sindicatos decidiram que existem razões mais do que justas, agravadas com o decorrer desta crise sanitária, para fazer ouvir a sua voz e as justas reivindicações dos trabalhadores”, sustenta.

Segundo recorda a federação, “em todo o processo da pandemia de Covid-19 os sindicatos, dando voz às justas preocupações e reivindicações dos trabalhadores, exigiram as necessárias medidas de proteção e defesa da saúde destes trabalhadores do SUCH e também a necessidade de uma compensação salarial e atribuição do subsídio de risco”.

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“Concretamente, exigimos um prémio de desempenho de 25% e subsídio de risco, pois – sem desconsiderar os médicos, enfermeiros, técnicos de saúde e demais trabalhadores da área da saúde que têm um papel central neste tempo de pandemia – não podemos deixar de lembrar os mais de três mil trabalhadores das cantinas dos hospitais, bem como as centenas de trabalhadores das lavandarias dos hospitais, resíduos, manutenção, limpeza e de outros serviços hospitalares que têm passado despercebidos na comunicação social e nas palavras de governantes e responsáveis hospitalares”, refere.

Conforme destaca a estrutura sindical, “estes trabalhadores que alimentam médicos, enfermeiros, demais funcionários hospitalares e doentes, incluindo as vítimas da Covid-19, bem como os das lavandarias, manutenção, resíduos hospitalares, limpeza e outros, são trabalhadores que correm riscos semelhantes aos demais, estão emocionalmente e fisicamente debilitados e exaustos, sendo que, muitos deles, trabalham 12 horas diárias, com ritmos intensos de trabalho, que põem em causa, de forma grave, a sua segurança e saúde”.

Garantindo que “estes trabalhadores não têm tido a mesma proteção individual”, sendo “vítimas da Covid-19 como os demais”, a Fesaht diz existirem “cantinas onde há mais de uma dezena de trabalhadores infetados e os testes de despistagem, que insistentemente reclamam, apenas chegaram a muito poucos trabalhadores”.

Esta situação de desproteção individual e coletiva tem sido denunciada publicamente pelos sindicatos, mas não tem merecido a melhor atenção de todas as empresas concessionárias do serviço de refeições, lavandaria, resíduos, limpeza e outros, como é o caso do SUCH, mas também das entidades de saúde”, lamenta.

No âmbito da greve da próxima segunda-feira, os trabalhadores vão concentrar-se, pelas 10h desse dia, frente às instalações do SUCH no Porto, exigindo a reabertura do processo de negociações do acordo de empresa, aumentos salariais “dignos” com efeitos a 01 de janeiro de 2020 e a atribuição do subsídio de risco a todos os trabalhadores e de uma compensação extraordinária para os que estiveram na linha da frente contra a pandemia.

Os grevistas reclamam ainda uma “reposição do número de trabalhadores nos quadros de pessoal das unidades que permita uma prestação de serviço de qualidade e que respeite os direitos dos trabalhadores”.

Para as 10h30 está marcada uma conferência de imprensa no local, para fazer o balanço da greve a nível nacional.