Os seis detidos na ‘Operação Sem Rosto’ da PSP, realizada na quinta-feira e que visou vários crimes relacionados com a claque No Name Boys, apoiante do Benfica, ficaram esta sexta-feira em prisão preventiva, disse à agência Lusa fonte policial.

Os seis arguidos foram presentes na tarde desta sexta-feira a primeiro interrogatório judicial no Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa, no Campus da Justiça, que decretou a medida de coação mais gravosa para todos, com idades entre 22 e 33 anos e indiciados por um crime de homicídio na forma tentada, por dois crimes de roubo, por vários crimes de agressão e por situações de dano e de furto.

A ‘Operação Sem Rosto’ decorreu na Área Metropolitana de Lisboa e levou ao cumprimento de mandados de busca domiciliária e de detenção, com origem numa investigação a elementos da claque No Name Boys, suspeitos de crimes praticados por este grupo de adeptos.

Questionado durante a conferência de imprensa realizada na quinta-feira sobre se entre os detidos poderiam estar os responsáveis pelos insultos inscritos nas paredes das casas do treinador Bruno Lage e do jogador Pizzi, ambos do Benfica, o responsável pela investigação da PSP assumiu poder “haver uma relação direta ou, pelo menos, da mesma natureza com esses factos”.

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“Não consigo concretizar que haja uma relação direta entre os arguidos detidos hoje [quinta-feira] com essa situação, mas esses factos estão sob investigação e existe a possibilidade de, entre os suspeitos detidos hoje [quinta-feira] e os que possam vir a ser identificados, haver uma relação direta ou pelo menos da mesma natureza”, explicou o comissário Bruno Pereira.

De acordo com este responsável policial, a ‘Operação Sem Rosto’, que teve início em maio de 2019, incidiu sobre duas linhas de investigação: uma a “factos cometidos em estádios de futebol”, como “agressões a agentes e adeptos de outros clubes portugueses e estrangeiros”, e outra sobre “ações planeadas com reconhecimento prévio junto de moradas, viaturas e rotinas” que permitiriam aos suspeitos “orquestrar ataques a adeptos rivais” em locais com maior probabilidade de sucesso.

A agressão a dois adeptos da Juventude Leonina na zona do Lumiar, em Lisboa, em maio deste ano, está também “indiciada relativamente a estes factos”, confirmou o comissário Bruno Pereira.

“Havia ações claramente planeadas, orquestradas e é bem indicativo disso mesmo o facto de serem encontrados manuscritos com elementos de identificação e informações relacionados com jornalistas, pessoas com cargos de direção em clubes, comentadores de televisão, claramente demonstrativo daquilo que eram os impulsos que moviam estas ações e grau de planeamento prévio, que foge ao que é uma mera reação de oportunidade ou estímulo”, sublinhou este oficial da polícia.

Os factos sob investigação reportam-se a “claramente mais de duas dezenas de vítimas” e o comissário não descartou a hipótese de virem a ocorrer mais detenções.

Todas as buscas foram realizadas na Área Metropolitana de Lisboa, nos concelhos de Lisboa, Amadora, Loures e Vila Franca de Xira.

Os No Name Boys são um grupo organizado de adeptos com ligação ao Benfica, mas não reconhecido de forma oficial pelo clube da Luz, enquanto a Juventude Leonina é uma claque oficial do Sporting, à qual foi retirado o apoio, esta época, pela direção do clube de Alvalade.

Em maio, um homem alegadamente pertencente à Juventude Leonina foi agredido, na zona do Lumiar, por um grupo de mais de 30 indivíduos com camisolas dos No Name Boys.

Já este mês, após o empate 0-0 do Benfica com o Tondela, no Estádio da Luz, o autocarro que transportava dos jogadores ‘encarnados’ de volta ao centro de estágio, no Seixal, foi apedrejado na A2, causando ferimentos em Julian Weigl e Zivkovic.

Na mesma noite, as residências do treinador Bruno Lage e do ‘capitão’ de equipa Pizzi foram vandalizadas com frases intimidatórias inscritas em spray nas paredes exteriores.

Ambos os atos terão sido cometidos, alegadamente, por elementos de uma fação radical dos No Name Boys.