São Paulo, o estado brasileiro mais populoso e mais afetado pela pandemia de Covid-19, travou esta sexta-feira a reabertura económica no interior da região, embora tenha autorizado a capital estadual a reabrir bares, restaurantes e salões de beleza.

No início do mês, o governo de São Paulo iniciou uma flexibilização gradual das medidas de isolamento social adotadas em março para conter a disseminação do novo coronavírus no estado, habitado por cerca de 46 milhões de pessoas, mesmo com a curva epidemiológica a continuar em alta.

Face a esse cenário, antes de completar um mês da flexibilização, cinco regiões do interior de São Paulo voltarão à “fase vermelha”, na qual apenas poderão funcionar serviços essenciais, após terem registado um aumento repentino de casos e mortes devido à Covid-19.

Dessa forma, nove das 20 áreas em que o estado de São Paulo está dividido, que até ao momento regista cerca de 260.000 infeções, com quase 10.000 novos casos nas últimas 24 horas e 14.000 mortes totalizadas pela doença, continuarão na fase mais restritiva do plano de reabertura.

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Nos últimos dias, foram atingidos máximos diários, quer em número de casos, quer em óbitos, em todo o estado, onde o ovo ncoronavírus se está a expandir de forma preocupante no interior, que possui uma estrutura hospitalar menor do que na capital.

“No interior, como era esperado, temos, sim, uma presença e um crescimento muito importante da pandemia, tanto em número de casos, quanto em hospitalizações e mortes”, disse em conferência de imprensa a secretária de Desenvolvimento Económico de São Paulo, Patricia Ellen.

Esse agravamento “esperado” da crise no interior de São Paulo colide com a decisão inicial das autoridades paulistas de colocar essas áreas numa fase menos restritiva da flexibilização.

“Tomamos decisões baseadas na ciência”, advogou o governador de São Paulo, João Doria.

Por outro lado, a capital estadual e algumas cidades da região metropolitana avançarão de fase e poderão reabrir bares, restaurantes e salões de beleza.

Além disso, lojas de rua e centros comerciais, que já estavam abertos desde a segunda semana deste mês, poderão alargar os seus horários de atendimento ao público.

No entanto, o prefeito da cidade de São Paulo, Bruno Covas, informou que só entrarão na chamada fase amarela a partir de 6 de julho, e que até lá serão revistos os protocolos de biossegurança que os setores beneficiários devem apresentar e monitorizados os dados epidemiológicos.

Bruno Covas, que se encontra doente com cancro e que contraiu o novo coronavírus, embora já tenha recuperado, destacou que a taxa de ocupação dos cuidados intensivos nos hospitais municipais é de 57%.

Com base nisso, o prefeito anunciou o encerramento do hospital de campanha montado no estádio de Pacaembú, que tinha capacidade para 200 pacientes com Covid-19.

O autarca destacou ainda que um estudo realizado na cidade mostrou que 9,5% dos 12 milhões de habitantes da cidade já tiveram contacto com o novo coronavírus.

“A pandemia continua a existir e continuamos a exigir que seja usada máscara e que se evitem multidões e viagens desnecessárias”, disse Bruno Covas.

O Brasil, segundo país do mundo com mais mortos e infetados, totalizou na quinta-feira 54.971 mortos e 1.228.114 pessoas diagnosticadas com a Covid-19 desde o início da pandemia, registada oficialmente no país em 26 de fevereiro.

A pandemia de Covid-19 já provocou mais de 490 mil mortos e infetou mais de 9,68 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.