“Estava muito motivado mal cheguei à AS Roma, entusiasmado e pronto para começar. A paixão que os adeptos deste clube têm também me empolgou e posso dizer que já desfrutamos de bons momentos. Agora sinto-me completamente enraizado dentro do clube e estou encantado por fazer parte desta família”. Depois de três anos de sucesso no Shakhtar Donetsk onde ganhou tudo o que havia para ganhar em termos internos na Ucrânia, Paulo Fonseca assinalou no final da paragem por causa da pandemia o primeiro ano na nova experiência em Itália. Se estava seduzido pelo desafio, hoje mostra-se rendido ao clube e a perspetiva é mútua em relação aos responsáveis transalpinos, que preparam a renovação do contrato que termina em junho de 2021. Até lá, existe um caminho por percorrer. E nem mesmo uma fase menos conseguida no início do ano mudou esse caminho.

É oficial: Paulo Fonseca é o novo treinador da AS Roma

Depois da série com um empate (no dérbi com a Lazio) e três derrotas na Serie A, que surgiram na sequência da eliminação da Taça diante da Juventis, a Roma acertou o passo e, entre a passagem aos oitavos da Liga Europa com os belgas do Gent, somou dois triunfos consecutivos no Campeonato que foi prolongado após a pandemia com a vitória em casa frente à Sampdória. A grande reviravolta (mais uma) da Atalanta em Bérgamo com a Lazio acabou por manter a distância para os lugares de Champions a seis pontos mas havendo ainda assim essa esperança de poder lutar pelo quarto lugar, que passava e muito pelo encontro fora diante do AC Milan, que regressou com uma exibição personalidade na Serie A que culminou com uma goleada fora ao Lecce (4-1).

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Paulo Fonseca e plantel da Roma abdicam de quatro meses de salários

No entanto, e durante a semana, foi do futuro que mais se falou. De acordo com a Sky Sports, o clube já assegurou a contratação a custo zero de Pedro Rodríguez, avançado de 32 anos que fez a carreira entre Barcelona e Chelsea, e estará também a visar a situação do central belga Vertonghen, do Tottenham. Em paralelo, começa a trabalhar na renovação da grande referência, Edwin Dzeko. A ideia passa por acrescentar experiência a um plantel que tenta desenvolver jogadores mais novos como Zaniolo, Pellegrini, Kluivert, Cengiz Ünder, Mancini, Carles Pérez ou Ibañez e encontrar outros argumentos para lutar pelos quatro primeiros lugares da Serie A numa temporada que se prevê mais competitiva nesse aspeto, com as subidas de rendimento previstas de equipas que passaram ao lado do Campeonato como Nápoles ou AC Milan. Também por isso, jogar no presente é preparar o futuro.

Se não chegarmos à Champions é um fracasso? Não, não diria que seria um fracasso, embora devêssemos dar uma resposta mais apropriada. Mas este é um ano zero, um ano de alterações. O Klopp, quando chegou ao Liverpool, ficou em oitavo lugar no seu primeiro ano. Mesmo a Lazio, que está muito bem esta época, tem o Inzaghi lá há muito tempo, assim como o Gasperini na Atalanta”, destacara Paulo Fonseca no final de fevereiro, falando sobre os objetivos na Serie A.

A confiança pela resposta da equipa no jogo com a Sampdória e pelos triunfos consecutivos acabou por não ter depois efeitos práticos. Frente a um AC Milan que Paulo Fonseca admitiu admirar desde miúdo pela equipa que tinha Ruud Gullit, Marco van Basten, Franco Baresi ou Paolo Maldini, a Roma até começou melhor o jogo mas caiu no segundo tempo onde o conjunto de Stefano Pioli foi superior com as mexidas que foram sendo feitas na frente de ataque (2-0), ficando assim mais longe dos lugares da Champions à espera do que poderá fazer também este domingo a Atalanta frente à Udinese num calendário que será complicado até ao final da temporada.

Com Zappacosta, Justin Kluivert e Mkhitaryan de regresso às opções após alguns problemas físicos, a Roma teve uma entrada mais assertiva numa primeira parte com poucas oportunidades e ficou perto de inaugurar o marcador num cabeceamento do capitão Dzeko sozinho na área que, ao contrário de muitos outros movimentos semelhantes, passou ao lado da baliza do AC Milan. Pouco depois, Mkhitaryan desviou também de cabeça mas saiu fraco e à figura de Donnarumma. Ainda assim, pertenceria aos visitados a chance mais flagrante até ao intervalo, com Çalhanoglu a atirar de cabeça por cima ao segundo poste após cruzamento longo de Theo Hernández.

No segundo tempo, o encontro teve mais tendência para partir em vários momentos e acabaram por ser as trocas dos treinadores a mexerem (ou não) com o rendimento das equipas: já com Lucas Paquetá e Saelemaekers em campo, o AC Milan teve duas oportunidades flagrantes em cinco minutos bem travadas por Antonio Mirante para canto (a primeira na área por Rebic, a segunda de fora da área por Paquetá) e começou a tomar conta do encontro até Paulo Fonseca mudar por completo as três unidades da frente, com as entradas de Kalinic e Perotti para se juntarem a Carles Pérez, que antes tinha trocado com Kluivert. As alterações de Pioli acabaram por ser mais eficazes e Rebic, num lance que começou num erro de Zappacosta, fez o primeiro golo do encontro que abriu caminho ao triunfo dos visitados antes de dar também ele lugar ao português Rafael Leão (76′). De grande penalidade, a dois minutos do final, Çalhanoglu sentenciou o resultado em 2-0.