Centenas de pessoas numa comunidade no Tennessee, nos Estados Unidos, estão a juntar-se a um homem que confessou ter medo de andar na rua sozinho por ser negro, criando um movimento contra o racismo, avançou no domingo a CNN.

Shawn Dromgoole, 29 anos, cresceu num bairro em Nashville, rodeado de famílias negras, onde se sentia integrado. Com o passar dos anos, o bairro foi mudando, mas a família manteve-se na mesma rua, e tornou-se a “anomalia”. “Agora sou o homem negro suspeito”, confessa Shawn, que diz que atualmente não consegue sair à rua sem temer pela vida.

A morte de Ahmaud Arbery — um homem negro morto a tiro enquanto corria no bairro onde vivia, na Georgia, EUA — fez com que Shawn desabafasse sobre o medo de circular no bairro sendo um homem negro na app NextDoor, uma rede social que permite conhecer vizinhos na comunidade.

“Hoje queria caminhar pelo meu bairro e não consegui passar da entrada de casa. Depois liguei à minha mãe e ela disse que viria comigo. Levei a minha identificação e o meu telemóvel comigo, mas fui. #NãoConsigoRespirar #NãoConsigoDormir #NãoConsigoCaminhar”, confessou.

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Na noite em que Shawn partilhou este receio, mais de 300 pessoas daquele bairro nos EUA e de outras comunidades próximas ofereceram-se para caminhar com ele. No dia seguinte, revela a CNN, mais de 75 pessoas apareceram no bairro para acompanhar Shawn, e o movimento “#WeWalkWithShawn” não parou desde esse momento, tendo chegado a outras comunidades em vários estados nos EUA.

Em quatro passeios pelo bairro, Shawn Dromgoole caminhou com cerca de 300 pessoas a seu lado todos os dias. Numa das maiores caminhadas, chegaram a caminhar mais de 800 pessoas.

Shawn pretende “ajudar a humanizar” a comunidade negra e viajar pelo país para caminhar com pessoas que partilhem os mesmo receios. “Somos considerados uma ameaça e não é justo. Somos humanos normais a tentar sobreviver como todos os outros”, disse.