O Núcleo de Apoio Local para sem-abrigo em Arroios vai reabrir brevemente com uma resposta ampliada, garantindo 100 refeições diárias, banco de roupa e uma lavandaria gratuita, avançou esta segunda-feira o vereador dos Direitos Sociais da Câmara de Lisboa.

Manuel Grilo falava numa audição da Comissão Permanente de Cidadania e Direitos Sociais da Assembleia Municipal de Lisboa, a propósito do despejo de um centro de apoio para carenciados de um edifício privado, na freguesia de Arroios.

Este núcleo para pessoas em situação de sem-abrigo já existia, mas reabrirá com maior capacidade de resposta.

Com 184 metros quadrados, o espaço vai fornecer 100 refeições diárias – 50 almoços e 50 jantares -, terá um banco de roupa, lavandaria gratuita, bem como um gabinete de atendimento social.

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O Núcleo de Apoio Local para sem-abrigo vai ainda ter balneários disponíveis, em articulação com a Junta de Freguesia de Arroios, referiu o vereador Manuel Grilo, do BE, partido que tem um acordo de governação da cidade com o PS.

Na sessão desta segunda-feira, requerida pelo grupo municipal do PS, o socialista Manuel Lage questionou o vereador dos Direito Sociais sobre a publicação que fez no Facebook, em 8 de junho, que no seu entender “dá a sensação de que estava ao lado de quem invadia propriedade privada”.

O deputado perguntou se o autarca mantém a sua posição e se sabia da situação daquele grupo informal que prestava apoio a pessoas carenciadas, que terá enviado um e-mail, em maio, a várias entidades, entre as quais a autarquia lisboeta, a informar que iriam ocupar o espaço e os motivos.

Em resposta, Manuel Grilo disse que foi recuperar esse ofício, adiantando que a comunicação era “genérica” e “não fazia qualquer pedido”, pelo que não teve indicação do seu gabinete “de que seria necessário fazer qualquer intervenção”.

O eleito salientou também que a sua reação “foi motivada pela violência da desocupação realizada às 5h” por seguranças privados, “partindo a porta com machados” e “aterrorizando as pessoas”.

“Não sou favorável a ocupações, nunca fomentei ocupações, mas também não posso ser conivente com desocupações violentas”, vincou Manuel Grilo, acrescentando que mantém a posição manifestada em 8 de junho e reiterada no dia seguinte.

O vereador notou ainda que se dirigiu ao local na altura, tendo encontrado soluções para 11 pessoas que tinham chegado à rua “há pouco tempo”.

Relativamente às medidas sociais adotadas no âmbito da pandemia de Covid-19, a câmara tem atualmente quatro centros de apoio temporário para pessoas em situação de sem-abrigo, uma resposta que Manuel Grilo considera “ímpar” no país.

Segundo o autarca, já saíram destes centros, com capacidade para 220 pessoas, 49 para respostas de ‘Housing First’, 19 para outros centros de acolhimento, 51 para quartos e outros para casas de familiares e amigos ou para o país de origem, tendo 45 arranjado emprego.

“A ação dos proprietários roça a ilegalidade e a polícia não pode ser conivente com milícias privadas. Só vamos vencer esta crise social da Covid-19 com apoio mútuo e quem se mobilizou para apoiar quem mais precisa não pode ser ameaçado desta maneira”, escreveu Manuel Grilo, na rede social Facebook, em 8 de junho, dia do despejo.

Entretanto, vários grupos políticos pediram esclarecimentos sobre o sucedido, alguns acusando Manuel Grilo de ter conhecimento da ocupação, enquanto membro do executivo da Câmara de Lisboa, e ter sido conivente com a mesma.