A Cabo Verde TradeInvest prevê “algum pequeno desvio” provocado pela crise sanitária e económica da Covid-19, mas mantém uma carteira de projetos à volta de 1.000 milhões de euros para este ano, disse esta terça-feira o presidente da agência.

“Temos uma carteira muito ambiciosa de projetos, que estava prevista e que fosse à volta de mil milhões de euros. E nós não temos razões para acreditar que será muito diferente. As previsões eram muito baseadas em projetos e manifestações concretas de investimentos, é claro que poderá haver algum pequeno desvio, mas não contamos que seja muito inferior”, disse à agência Lusa o presidente da Cabo Verde TradeInvest (CVT), José Almada Dias.

O líder da agência responsável pela atração de investimentos e promoção de exportações de Cabo Verde salientou que está a ser “um bocadinho cauteloso”, porque a decisão final do investimento depende do investidor.

“Nós somos os facilitadores em termos de tramitação dos projetos”, mostrou Almada Dias, exemplificando com projetos de alguns hotéis um pouco por todo o país, com destaque para a ilha de São Vicente, que retomaram as obras assim que foi possível.

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“Isto vai depender de como é que a economia mundial vai andar, como eu disse não depende só de nós, mas estamos a fazer o possível para que esses projetos se mantenham, se não todos, na sua esmagadora maioria”, prosseguiu.

A Cabo Verde TradeInvest é a agência responsável pela tramitação dos projetos, uma espécie de front office do Estado e o investidor.

A aprovação dos projetos é sempre feita pelo Governo, com a agência a regressar depois para emitir um certificado de investidor, que terá direito a uma série de incentivos do Estado, desde fiscais e aduaneiros.

Nas declarações à Lusa, o presidente preferiu não precisar o número de projetos em tramitação para este ano, mas garantiu que, se todos se concretizarem, vão gerar cerca de 3.000 empregos.

“Os 3.000 postos de trabalho não quer dizer que vão acontecer ainda este ano, podem acontecer só para o ano porque depende do ritmo de construção dos hotéis”, salientou Almada Dias, indicando que em Cabo Verde o grosso dos investimentos centram-se no turismo hoteleiro.

Entretanto, disse que a agência estão a fazer uma “forte aposta” no turismo residencial, que está ligada à imobiliária turística, para “sair um bocadinho do turismo hoteleiro, que pela sua natureza é algo volátil”.

“O turismo residencial é diferente. As pessoas compram casas, vêm para aqui viver, reformados, pessoas de outras paragens, o que cria um outro tipo de comprometimento. Só aqui já há alguma diversificação que nós estamos a tentar”, sustentou o presidente.

Além disso, afirmou que a Cabo Verde TradeInvest está a apostar na utilização do Centro Internacional de Negócios (CIN) do país, cujo objetivo é atrair empresas em várias áreas de negócios, na área do comércio internacional.

“Também há as zonas económicas especiais, como a de São Vicente, que estamos convencido poderá atrair muitos investimentos na área da economia marítima e não só. Há todo um esforço de diversificação do economia, para que ela não fique só dependente do turismo hoteleiro, que mesmo assim vai continuar a ser o maior foco de atração dos investimentos nos próximos anos”, perspetivou Almada Dias, que também acumula a coordenação do gabinete de operacionalização do CIN de Cabo Verde.

José Almada Dias foi nomeado em março pelo Governo presidente do Conselho de Administração da Cabo Verde TradeInvest, substituindo Ana Barber, no mesmo período que Cabo Verde começou a registar os primeiros casos de coronavírus e adotar várias medidas restritivas.

O presidente disse que este período teve o seu “lado positivo” porque, mesmo em teletrabalho e em estado de emergência, serviu para reorganizar muitas coisas internamente.

“Eu costumo dizer que até parece que há males que vem por bem. Tivemos tempo de concentrar em projetos que estavam já em tramitação, alguns com algum atraso, e os próprios investidores estão satisfeitos porque conseguimos dar seguimento a muitos projetos que estavam em andamento e no final das contas o balanço é positivo, apesar das dificuldades”, afirmou.

Almada Dias disse estar contente com o “comprometimento” dos empresários, nacionais e estrangeiros, que continuam a apostar em Cabo Verde, apesar da pandemia do novo coronavírus.

“Há uma grande dinâmica um pouco por todo o país e devemos manter esse pensamento positivo, confiança, porque normalmente após a tempestade vem a bonança e a história mostra que após períodos de grande crise, acaba por haver períodos de grandes investimentos e de grande dinâmica a nível mundial”, perspetivou o líder institucional.