O partido são-tomense Ação Democrática Independente (ADI) anunciou esta terça-feira que vai apresentar uma moção de censura contra o governo do primeiro-ministro Jorge Bom Jesus que acusa de “malabarista” e de “conluio com o presidente do parlamento”.

O anúncio foi feito pelo líder da bancada, do principal partido da oposição, Abenildo de Oliveira, durante uma sessão plenária destinada a avaliar a aplicação do Estado de Emergência, “decretado pelo presidente da República em virtude pandemia Covid-19”.

“Entendemos que devemos chamar o senhor primeiro-ministro para o parlamento, num outro momento para que todos os deputados tenham oportunidade de intervir. Assim, no quadro regimental, nós chamaremos o senhor primeiro-ministro, através da apresentação de uma moção de censura”, justificou Abenildo de Oliveira.

Na sessão plenária desta terça-feira, realizada no anfiteatro do Palácio dos Congressos, para manter o distanciamento entre os seus membros, foi reservado ao ADI 30 minutos, um tempo que o seu líder parlamentar considerou insuficiente para “confrontar” o chefe do executivo com “97 questões” de “interesse nacional”.

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O líder da bancada do ADI lamentou que, “há já muito tempo” que o primeiro-ministro não comparece em sessão parlamentar, tomando como “caso flagrante” a ausência o chefe do governo em abril, durante a aprovação de “um documento tão importante numa pandemia que se tem revelado com efeito muito nefasto para o país”, numa referência ao estado de emergência.

Abenildo de Oliveira acusou o primeiro-ministro, eleito pelo Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe – Partido Social Democrata(MLSTP-PSD), de “inabilidade de gerir pequenos problemas como a água para as pequenas comunidades quando o combate a pandemia requer água potável não só para consumo como para lavagem das mãos”.

“O presidente da Assembleia, Delfim Neves em conluio com o primeiro-ministro ludibriaram os deputados, enganaram o Presidente da República para promulgar uma lei, um documento que os deputados não discutiram, violando a constituição da República”, acusou o ADI.

O ADI acusou ainda o governo de “não saber lidar” com a pandemia da Covid-19 e de ter feito uma gestão pouco criteriosa dos apoios externos para evitar a propagação e no combate a doença.

A bancada parlamentar do ADI não avançou quando vai remeter à mesa do parlamento a proposta de moção de censura contra o governo, mas fonte do partido disse à Lusa que a direção está a “diligenciar para que este assunto seja discutido já na próxima sessão parlamentar”.

O ADI é o principal partido da oposição e tem o maior número de deputados do hemiciclo com 25 eleitos, seguido do MLSTP-PSD com 23, que tem um acordo de governo com o apoio de cinco parlamentares de uma aliança partidária que ficou em terceiro lugar.