A empresa Transportes Aéreos de Cabo Verde (TACV), privatizada e transformada comercialmente em Cabo Verde Airlines em 2019, convocou os acionistas para “deliberar sobre a nomeação dos novos membros dos órgãos sociais”, conforme edital consultado esta quinta-feira pela Lusa.

De acordo com o edital da convocatória para a assembleia-geral extraordinária de 23 de julho, na Praia, os acionistas – Estado cabo-verdiano, investidores islandeses e grupo Icelandair, além de emigrantes e trabalhadores da companhia – são ainda chamados a “deliberar” no mesmo dia sobre a remuneração dos membros dos órgãos sociais.

Esta assembleia-geral – que vai decorrer no Hotel Praia Mar, pelas 14h30 locais (16h30 de Lisboa) e com acesso a acionistas por videoconferência – já esteve marcada para 16 de março, mas acabou por ser suspensa devido à pandemia de Covid-19.

Apesar de a assembleia-geral só acontecer este mês, a atual Cabo Verde Airlines (CVA) anunciou a 5 de fevereiro, em comunicado, que Erlendur Svavarsson é o novo presidente do conselho de administração da companhia, sucedendo a Jens Bjarnason, que ocupou o cargo desde o início de 2019.

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Erlendur Svavarsson era vice-presidente sénior de vendas e marketing da Loftleidir Icelandic desde 2010 e também trabalhou para a Loftleidir Icelandic e outras empresas da Icelandair em várias funções seniores e como membro de conselhos de administração desde 2003. Era também membro do conselho de administração da CVA desde o início de 2019, tendo estado envolvido no processo de privatização das companhia aérea cabo-verdiana.

Esta assembleia-geral acontece num momento em que a companhia cumpre mais de três meses (desde 19 de março) de paragem, com todos os voos comerciais suspensos devido à interdição de ligações aéreas internacionais decidida pelo Governo cabo-verdiano, para conter a propagação da Covid-19.

A reabertura dos aeroportos cabo-verdianos chegou a estar prevista para este mês, tendo a CVA programado para 1 de julho o primeiro voo, para ligar a Paris, mas o governo decidiu prolongar a interdição até agosto.

Em março de 2019, o Estado de Cabo Verde vendeu 51% da então empresa pública TACV por 1,3 milhões de euros à Lofleidir Cabo Verde, uma empresa detida em 70% pela Loftleidir Icelandic EHF (grupo Icelandair, que ficou com 36% da CVA) e em 30% por empresários islandeses com experiência no setor da aviação (que assumiram os restantes 15% da quota de 51% privatizada).

O grupo Icelandair, que lidera a CVA, continua a assumir a necessidade de contrair um financiamento de longo prazo para assegurar a viabilidade da companhia cabo-verdiana.

O Governo cabo-verdiano concluiu este ano a venda de 10% das ações da CVA a trabalhadores e emigrantes, mas os 39% restantes, que deveriam ser alienados em bolsa, a investidores privados, vão para já ficar no domínio do Estado, decisão anunciada pelo executivo devido à situação da companhia, afetada pela pandemia.

A CVA transportou quase 345 mil passageiros no primeiro ano após a privatização (01 de março de 2019 a 28 de fevereiro de 2020) de 51% da companhia, um aumento de 136% face ao período anterior, segundo dados fornecidos em maio à Lusa pela empresa.