Já está a decorrer, em cinco freguesias, o programa de acompanhamento personalizado de “todas as pessoas registadas como casos ativos”, assegurou Fernando Medina, na reunião da Câmara de Lisboa, que decorreu esta quinta-feira. Esta “atuação conjunta”, (definida em articulação com o governo, as autoridades de saúde e proteção civil) implica visitar quem está infetado, “assegurando o seu confinamento”, arrancou em Campolide, Benfica, Santa Maria Maior, Santa Clara e Arroios. Segue, agora, para Alcântara e Marvila.

Uma “decisão importante”, disse o Presidente da Câmara, sem esconder o “sentido da urgência do tempo”, que devia ser transversal a todos os que colaboram no sistema. Mas não é isso que se passa, como relatou na reunião de Câmara: “Não é a mesma coisa fazer um inquérito epidemiológico num curto espaço”, obrigando à tomada de decisões rápidas, ou o “deixarmos numa gaveta de uma sexta-feira para uma segunda-feira”. Procedimentos que os números, também, não escondem. “Não há razões, perante a urgência na área de Lisboa, onde os riscos de alastramentos são maiores, para termos curvas de oscilações de dados onde se veem os fins de semana”.

Foi com a intenção de alertar para esta situação, “onde cada hora conta”, que o autarca declarou, na segunda-feira, que “com más chefias e pouco exército não conseguimos ganhar esta guerra”. E apesar de reafirmar que há uma “convergência total entre governo, a Câmara e os municípios”, isso não o vai inibir da utilização da palavra “objetiva e construtiva” sobre os pontos críticos que podem de ser melhorados.”Ouvi muito ruído sobre as minhas declarações, mas pouca discordância”, frisou Fernando Medina, para quem o mais importante é ter os recursos necessários para “suprir as falhas” no terreno, e que estão a impedir que se proceda de forma “rápida”.

Só assim, com uma operação no terreno de “enorme exigência”, onde a “rapidez e a coordenação” são duas ferramentas indispensáveis, vai ser possível resolver o problema que a cidade tem agora, bem como “preparar e proteger Lisboa para um ciclo seguinte”. “Esta é uma luta de longo prazo” – para a qual são fundamentais as “boas chefias nos sítios certos”, frisa o governante.

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Ainda sobre a evolução da pandemia na Grande Lisboa, Fernando Medina assumiu que se regista um “número elevado de novas contaminações diárias” – valor esse que “não tem aumentando, nem diminuído de forma significativa e consistente”. A operação, no terreno, está a “correr bem em alguns municípios”, como é o caso de Lisboa, mas os resultados “não são iguais em todo o território”. E aos vereadores, repetiu a importância da urgência do tempo: “Ou agimos com rapidez, e conseguimos conter o problema, ou podemos ter uma situação que cresce para patamares mais elevados”.

São 33 os casos ativos de Covid-19 entre funcionários da CML

A vereadora Assunção Cristas, do CDS, utilizou o argumento da “urgência do tempo” para questionar o autarca para os problemas nos transportes públicos, dando como exemplo o facto dos autocarros não terem, ainda, dispensador de gel – como chegou a ser anunciado pela Câmara.

Em resposta, Fernando Medina revelou que “há mais autocarros da Carris a circular agora do que há um ano”, recordando que a empresa de transportes nunca reduziu a oferta, nem em estado de emergência, para níveis inferiores a 78% – “quando, nessa altura, a procura não ultrapassava os 10%”. E isto foi possível, explicou Medina, porque a CML decidiu injetar “40 milhões de euros no financiamento da Carris”. O autarca referiu, ainda, que existem vários dispensadores de máscaras e gel desinfetante nos principais interfaces de acesso à cidade. O vereador da Mobilidade, Miguel Gaspar, acrescentaria ao debate que a questão chegou a estudada mas não foi possível encontrar uma “solução viável” para colocar gel desinfetante dentro dos autocarros.

Questionado sobre o número de trabalhadores camarários infetados por Covid-19, João Paulo Saraiva, vice-presidente da Câmara Municipal de Lisboa, informou que foi identificado um surto no Posto de Limpeza de Telheiras e, neste momento, há 33 funcionários com casos ativos e 20 já se encontram recuperados – isto, num universo municipal de 12 mil trabalhadores. Segundo o vice-presidente, o município de Lisboa tinha, até há uma semana, “números bastante abaixo dos nacionais, mas houve um foco que foi já tratado, avaliado, estudado e está a ser seguido no Posto de Limpeza de Telheiras, que fez com que os nossos números aumentassem”. De acordo, ainda, com o autarca, tratou-se de um grupo de pessoas que “não seguiu as regras”, acabando por ficar infetado.

Esta quinta-feira, a Câmara de Lisboa aprovou uma moção que insta o Governo a estudar a reabertura de bares e discotecas com as mesmas regras aplicadas aos restaurantes e sem pistas de dança. O documento teve os votos favoráveis do CDS-PP, PSD, PCP e BE, tendo apenas o PS votado contra – mas Fernando Medina, depois da votação, optou por fazer uma declaração sobre o tema, considerando que, “nesta fase sensível”, não deve ser assumido nenhum compromisso, “até se ganhar o controlo sobre a pandemia”, acrescentando, ainda, que a preparação da reabertura destas atividades “deve ser feita”, mas “não neste momento”, o que não invalida que essa opção “não seja considerada noutras circunstâncias”.

Covid-19. Câmara de Lisboa aprova moção para estudar reabertura das discotecas