A Caixa Económica, um dos maiores bancos de Cabo Verde, registou um lucro histórico de 8,5 milhões de euros em 2019, um aumento recorde de 98,55% face a 2018, mas não vai distribuir dividendos aos acionistas.

A informação consta do relatório e contas do banco, detido maioritariamente pelo Estado cabo-verdiano, no qual o conselho de administração refere que irá aplicar as recomendações do banco central, de não distribuir dividendos de 2019 e usar os resultados na melhoria das reservas, antecipando impactos da pandemia de Covid-19.

“O resultado líquido do exercício atingiu um nível recorde de 940.840 contos (8,5 milhões de euros) em dezembro de 2019, equivalente a uma rentabilidade dos capitais próprios de 20,16%, muito acima dos valores inicialmente previstos e realizados em outros exercícios”, lê-se no relatório e contas, ao qual a Lusa teve acesso esta sexta-feira.

O conselho de administração decidiu aplicar 10% desse resultado em Reservas Obrigatórias e os restantes 90% na rubrica de Resultados Transitados (para 2020).

“Em termos de desempenho, o ano de 2019, à semelhança dos anos anteriores, foi um exercício positivo para a Caixa Económica, contribuindo para o reforço dos seus principais indicadores económicos e financeiros, tendo alguns deles atingido níveis históricos, evidenciado a sua robustez e a consolidação da sua posição e importância no sistema bancário nacional”, lê-se na mensagem do conselho de administração da Caixa Económica.

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O banco é detido maioritariamente pelo Estado cabo-verdiano, através de uma participação direta no capital social, detida pelo Ministério das Finanças, de 27,44%, mas também pelo Instituto Nacional de Previdência Social, com uma quota de 47,21%, e pela empresa pública Correios de Cabo Verde, com uma participação de 15,14%.

“Para este desempenho, além da constituição das imparidades líquidas em nível inferior ao registado em 2018, foi determinante a melhoria do produto bancário que comparativamente a 2018 registou mais 7,58% (214.877 contos, dois milhões de euros)”, acrescenta ainda o conselho de administração, na mesma mensagem, sobre o crescimento de 98,55% no resultado líquido de 2019.

O banco contava em dezembro com 367 trabalhadores e viu o ativo líquido crescer 7,31%, em termos homólogos, para 77.968 milhões de escudos (701,6 milhões de euros), “explicado sobretudo pelo crescimento das rubricas de depósitos e aplicações em instituições de crédito e crédito não titulado”.

Os depósitos totais cresceram 6,36%, para 71.311 milhões de escudos (642 milhões de euros) e o crédito bruto a clientes aumentou 0,71%, para 40.063 milhões de escudos (360,1 milhões de euros).

“Os indicadores da qualidade da carteira de crédito registaram uma melhoria significativa em relação ao ano anterior, tendo o rácio de crédito vencido evidenciado uma diminuição de 1,9 pontos percentuais, passando de 15,48% em 2018 para 13,58% em 2019”, lê-se ainda no relatório e contas.

Os fundos próprios atingiram no final de 2019 os 4.807 milhões de escudos (43,2 milhões de euros), um aumento de 15,97%, “explicado pelo aumento dos resultados líquidos”.

“Em virtude do reforço dos Fundos Próprios regulamentares a um ritmo superior ao crédito, o rácio de solvabilidade evidenciou um aumento de 1,67 pontos percentuais, passando de 15,70% em dezembro de 2018 para 17,37% em dezembro de 2019, nível confortavelmente superior ao mínimo regulamentar em vigor, que é de 12%”, conclui a instituição.

A Caixa Económica chegou aos 362.673 clientes no final de 2019, um crescimento de quase 3,5% face a dezembro 2018.