O Governo anunciou ontem à noite que chegou a acordo com os acionistas privados da TAP, passando a deter 72,5% do capital da companhia aérea, por 55 milhões de euros. Mas isso não chega. Para o PCP, que lembra que o Estado já era acionista maioritário e nem por isso tinha controlo da gestão da companhia aérea, é preciso a nacionalização total para que a TAP não seja “um apêndice de uma qualquer empresa estrangeira”. Para o BE, pelo menos, tem de haver uma auditoria à gestão privada feita até aqui, e o PCP concorda.

“Este acordo que foi anunciado é uma peça de um processo que nós temos todos de assumir que não pode ficar por aqui”, disse o deputado comunista Bruno Dias aos jornalistas no Parlamento, na primeira reação do partido ao anúncio do Governo, feita esta quinta-feira à noite. O importante é o Estado “assumir o controlo público e efetivo da TAP”, evitar que a empresa seja influenciada por “interesses privados” ou que seja colocada “como um qualquer apêndice de uma empresas estrangeira”.

Para os comunistas, importa também esclarecer que a política de cortes e despedimentos na TAP “não é uma sentença” nem uma “inevitabilidade”. “Não podemos olhar para a TAP na perspetiva de saber onde vamos cortar. Temos de modernizar a companhia e projetá-la para o futuro mas não podemos assumir que estamos condenados a cortar salários e direitos”, disse.

Falando também aos jornalistas no Parlamento, a deputada bloquista Isabel Pires sublinhou a necessidade de realizar uma auditoria à gestão privada da TAP, afirmando que falta o Governo esclarecer o plano estratégico que tem para a empresa, apesar de ter adquirido maior presença no capital acionista.

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“É importante que o país perceba exatamente o que é que se passou durante a gestão privada e para salvaguardar parte do erário público com essa mesma auditoria”, disse Isabel Pires, considerando que “ficaram dúvidas absolutamente essenciais de esclarecer” depois do anúncio de ontem.

Para Isabel Pires, fica por explicar “qual é que vai ser o modelo de gestão que vai ser escolhido para a TAP”. Sobre o acordo anunciado na quinta-feira à noite pelo Governo, a bloquista defendeu que “esta solução fica aquém na medida em que para já se percebe que não há uma garantia de controlo e de gestão pública a 100%”, como defendia o BE. “A vantagem na nacionalização é que poderíamos ter uma reestruturação que garantisse todos os postos de trabalho”, insistiu.

Os comunistas defendem, igualmente, o apuramento de responsabilidades da gestão privada da companhia aérea e estão abertos a discutir iniciativas de outros partidos, como a do Bloco de Esquerda, de uma auditoria. Bruno Dias, porém, lembra que o projeto do partido para a nacionalização da transportadora, chumbado há semanas no Parlamento, já previa este apuramento de responsabilidades.