Depois de na terça-feira ter sido divulgada a lista dos 15 países extra-comunitários com os quais a UE vai reabrir as fronteiras externas, os países foram aconselhados a segui-la. Este conselho, no entanto, está longe de ser aplicado na totalidade, com vários países a anunciar as suas próprias regras: Itália, Hungria, Suíça e a República Checa estabeleceram mais restrições do que os restantes países.
Itália abriu na terça-feira fronteiras aos viajantes de países que não integram o espaço europeu de livre circulação Schengen. A obrigatoriedade de quarentena, no entanto, foi mantida pelo país para todos, incluindo os provenientes de países considerados seguros, justificando as restrições com a necessidade de prevenção de novos contágios.
“Esperamos poder chegar mais longe dentro de algumas semanas, mas por agora temos de ter cautela”, disse o ministro da Saúde de Itália esta quinta-feira, frisando que em Itália e na Europa “a curva mudou consideravelmente, mais isso não aconteceu no resto do mundo”.
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A Hungria também olhou com desconfiança para a lista divulgada, proibindo a entrada de todos os cidadãos provenientes de países fora da UE, à exceção da Sérvia. “Temos de resistir à pressão de permitir a entrada de pessoas no país sem controlos”, afirmou o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, numa entrevista radiofónica.
Na Suíça, que não faz parte da União Europeia, mas está no espaço Schengen, o Governo decidiu manter a proibição de entrada de países extra-comunitários até pelo menos 20 de julho. A partir dessa data, o país deverá aceitar a recomendação do Conselho Europeu e abrir fronteiras aos 15 países que constam na lista, excluindo a Sérvia.
“Em 20 de julho, o Departamento Federal de Justiça e Polícia FDJP pretende remover Argélia, Austrália, Canadá, Geórgia, Japão, Marrocos, Nova Zelândia, Ruanda, Coreia do Sul, Tailândia, Tunísia e Uruguai e os estados da UE fora do espaço Schengen (Bulgária , Irlanda, Croácia, Roménia e Chipre) da lista de países de alto risco”, segundo um comunicado de imprensa do Conselho Federal.
Já a República Checa aprovou a entrada de oito dos 15 países da lista: Austrália, Canadá, Japão, Montenegro, Nova Zelândia, Sérvia, Coreia do Sul e Tailândia.
Segundo o ministro dos Negócios Estrangeiros, Tomáš Petříček, no caso de Montenegro e da Sérvia, a possibilidade de viagens mútuas será recíproca, ou seja, sem testes ou outras condições.
Espanha também decidiu não abrir as fronteiras para a totalidade dos países considerados seguros. Num comunicado divulgado esta sexta-feira, o ministério do Interior espanhol anunciou que não vai reabrir as fronteiras a viajantes da Argélia, Marrocos e China até que esses países permitam a entrada de espanhóis.
No caso da China, Marrocos e Argélia, a reabertura de fronteiras continuará condicionada à ação recíproca por parte desses países e à reabertura das suas fronteiras aos residentes de Espanha”, afirma o ministério.
Relativamente à China, o ministério afirma estar a levar em conta a recomendação de reciprocidade da União Europeia.
A lista aprovada pelo Conselho Europeu na terça-feira deixa de fora quase todo o mundo, contendo apenas 15 países: Argélia, Austrália, Canadá, Coreia do Sul, Geórgia, Japão, Montenegro, Marrocos, Nova Zelândia, Ruanda, Sérvia, Tailândia, Tunísia e Uruguai. A estes poderá juntar-se a China, desde que haja confirmação do critério da reciprocidade (assim que Pequim confirmar que também deixará entrar viajantes com origem na União Europeia).
De acordo com a recomendação, a lista será revista de duas em duas semanas, podendo sempre entrar ou sair países, tendo em conta três critérios fundamentais: o número de novos casos de Covid-19 registados nos últimos 14 dias por 100 mil habitantes, a tendência (crescente, estável ou decrescente) do número de casos dos últimos 14 dias e a “resposta global à Covid-19“ desse país.