O Presidente da República desloca-se no sábado à Madeira e visita, no domingo, a freguesia de Câmara de Lobos, alvo de uma cerca sanitária devido à Covid-19, confirmou à Lusa o gabinete do representante da República.

Marcelo Rebelo de Sousa realiza esta deslocação à freguesia de Câmara de Lobos, no concelho com o mesmo nome, tal como o fez a Ovar, no distrito de Aveiro, e ao concelho da Povoação, nos Açores, que também estiveram sob cercas sanitárias.

A deslocação do chefe de Estado à Madeira foi avançada pela edição “online” do Expresso e foi confirmada à Lusa por fonte do gabinete do representante da República, Ireneu Barreto.

Segundo o semanário, Marcelo Rebelo de Sousa visitará ainda a Unidade de Rastreio e Vigilância à Covid-19 montada no Aeroporto Cristiano Ronaldo, no Funchal.

Devido ao surgimento de uma cadeia de transmissão da Covid-19 num dos bairros sociais de Câmara de Lobos, o da Nova Cidade, alegadamente na sequência de um convívio familiar na altura da Páscoa, o executivo madeirense decretou em 19 de abril uma cerca sanitária para esta freguesia, por um período de 15 dias, a única adotada no arquipélago.

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A cerca sanitária em Câmara de Lobos foi levantada a partir das 0h00 do dia 3 de maio, uma vez que a freguesia não registava novos casos positivos de infeção. A situação levou ao confinamento de 22 pessoas desta cadeia numa unidade hoteleira na zona do Cabo Girão, foram identificados mais de 200 contactos e realizados mais de 500 testes.

Em 21 de maio, o presidente do Governo Regional, o social-democrata Miguel Albuquerque, criticou o chefe de Estado, acusando-o de não se pronunciar sobre a situação decorrente da Covid-19 no arquipélago, nem ao nível das reivindicações da região, nem sobre o comportamento da população.

O senhor Presidente da República, que foi eleito por sufrágio direto, ainda não teve tempo de se pronunciar sobre aquilo que se passa na Madeira, não teve tempo ainda de dirigir uma palavra de conforto aos madeirenses e de admiração pela forma como enfrentaram esta epidemia”, disse Miguel Albuquerque, durante a inauguração de um arruamento em Câmara de Lobos.

No dia seguinte, o Presidente da República assegurou que tem acompanhado, “com todo o empenho”, a situação vivida na Madeira, ressalvando que não publicita as suas intervenções para não as confundir com debates sem prioridade.

Desde 31 de março [data em que recebeu cópia da carta de 20/03/2020 do presidente do Governo Regional da Madeira dirigida ao primeiro-ministro], que o Presidente da República tem acompanhado, com todo o empenho, a situação vivida na Região Autónoma da Madeira por causa da pandemia da Covid-19″, lê-se numa nota publicada, na altura, no ‘site’ da Presidência da República.

Na mesma nota, era referido que o representante da República tem sido informado das diligências feitas por Marcelo Rebelo de Sousa, “quer por correio [o primeiro dos quais de 13 de abril], quer por contactos telefónicos”, tal como o gabinete do presidente do Governo Regional.

O Presidente da República acompanhou “as várias intervenções e interações do Governo Regional com o Governo da República” e promoveu uma reunião com o primeiro-ministro e os representantes da República no dia 20 de março, sobre a aplicação do Estado de Emergência nas Regiões Autónomas, em articulação com os Governos Regionais, sublinhava a Presidência da República.

A deslocação de Marcelo Rebelo de Sousa à Madeira ocorre também depois de Miguel Albuquerque ter dito, no início de junho, que ainda está a ponderar uma candidatura à Presidência nas eleições de 2021, independentemente de ter ou não o apoio do seu partido.

A Região Autónoma da Madeira teve até agora 92 casos confirmados de Covid-19, dos quais 90 recuperados, existindo apenas dois ativos. A região não registou até ao momento qualquer óbito devido à pandemia da Covid-19.

Esta pandemia já provocou mais de 521 mil mortos e infetou mais de 10,88 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 1.587 pessoas das 42.782 confirmadas como infetadas, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde. A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.