A Plataforma Pela Reposição das Scut na A23 e A25 voltou esta sexta-feira a exigir a suspensão do pagamento de portagens até ao final do ano e prometeu endurecer a luta, admitindo o corte de vias caso não haja medidas concretas.

“Esta é uma iniciativa de rua e poderão seguir-se outras. Se tivermos de cortar a A23, porque não fazê-lo?”, afirmou José Gameiro, da Associação Empresarial da Beira Baixa, uma das várias entidades que integram a Plataforma, estrutura de luta contra as portagens nas antigas Scut (vias sem custos para o utilizador).

A hipótese de um corte de estrada foi assumida em conferência de imprensa, que decorreu junto a um dos nós de acesso da Covilhã, no distrito de Castelo Branco, à A23.

Durante à ação foi também assinalado o facto de já se ter entrado no terceiro trimestre do ano e de ainda não ter sido aplicado qualquer desconto nestas vias, ao contrário da expectativa criada pela tutela.

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“O Governo não cumpriu aquilo que a determinada altura teve como facto assente”, destacou José Gameiro.

Ressalvando que o modelo de descontos de quantidade anunciado não tem eficácia para a maioria da população, a Plataforma lembrou que defende um modelo alternativo de descontos progressivos até à abolição dos pagamentos durante a legislatura.

A reivindicação inclui agora a exigência de uma suspensão imediata do pagamento de portagens a vigorar, pelo menos, até final do ano, para dar resposta às dificuldades acrescidas que a crise pandémica representa para os territórios do interior.

“O quadro de março alterou-se radicalmente”, frisou Luís Garra, da União de Sindicatos de Castelo Branco, que também apontou os dados mais recentes do despovoamento que mostram que a região continua a perder população, que a atividade económica está a definhar e que o desemprego está a aumentar.

Este representante salientou que a situação se agravou desde que a Covid-19 obrigou o país a entrar em estado de emergência e reiterou que este é o momento de o primeiro-ministro, António Costa, fazer mais do que “declarações de amor pelo interior” e aplicar uma medida que é fundamental para a região.

“Em vez de andar com modelos de descontos que não descontam coisa nenhuma, que opte pela suspensão das portagens que, neste momento, é a nossa reivindicação. Se vierem com os descontos como anunciaram, não terão o nosso acordo e sim a nossa oposição e isso é motivo para voltarmos à estrada”, acrescentou.

Referindo que o dinheiro surge quando é preciso para estruturas como o novo Banco e a TAP, rejeitou o argumento de que o país não tem capacidade financeira para reduzir e abolir as portagens e garantiu que as restrições de distanciamento impostas pela pandemia não vão travar a luta da Plataforma.

“Que não haja dúvidas, com regras de saúde ou sem elas, se a solução não aparecer, a luta vai ser inevitável”, disse.

A Plataforma Pela Reposição das Scut na A23 e A25 integra sete entidades dos distritos de Castelo Branco e da Guarda, nomeadamente a Associação Empresarial da Beira Baixa, a União de Sindicatos de Castelo Branco, a Comissão de Utentes Contra as Portagens na A23, o Movimento de Empresários pela Subsistência pelo Interior, a Associação Empresarial da Região da Guarda, a Comissão de Utentes da A25 e a União de Sindicatos da Guarda.