O primeiro-ministro holandês disse esta sexta-feira não ser necessária uma “pressa louca” para fechar as negociações do fundo de recuperação de apoio devido à pandemia no próximo Conselho Europeu e alertou que “qualquer ajuda do norte significa reformas no sul”.

Se não houver acordo nos dias 17 e 18 de julho, não será o fim do mundo. Para nós, não há uma necessidade absoluta de chegar a acordo nestas datas”, realçou o governante holandês, Mark Rutte, em conferência de imprensa, em Haia.

Os Países Baixos, juntamente com a Áustria, Suécia e Dinamarca, formam o bloco conhecido como “os quatro frugais” pela sua relutância em apoiar o fundo de recuperação proposto pela Comissão Europeia (CE) no valor de 750.000 milhões de euros, dos quais 500.000 milhões serão entregues a fundo perdido e 250 mil milhões em empréstimos.

Segundo a agência EFE, Mark Rutte sublinhou esta sexta-feira que uma “pré-condição absoluta” para autorizar a ajuda europeia aos países mais afetados pelo novo coronavírus, especialmente para os do sul da União Europeia, é a exigência de reformas económicas nesses Estados-membros que recorram às ajudas financeiras.

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E estes países terão ainda de prestar uma justificação clara do que farão com o dinheiro emprestado, acrescentou.

“Qualquer ajuda do norte significa fazer reformas no sul. Não há outra opção”, sublinhou Rutte.

O governante considera ainda que a proposta apresentada pela Comissão Europeia “não é a final” e são “todas as propostas que deverão ser discutidas”.

Mark Rutte voltou a frisar que já existe um pacote de 540.000 milhões de euros em créditos para Estados e empresas, aprovados pelo Eurogrupo em abril, para uma resposta imediata à crise e manifestou-se “surpreso” por “nem mesmo um euro ter sido retirado” daquele pacote de ajuda.

No próximo Conselho Europeu, o primeiro-ministro holandês voltará a encontrar-se com os restantes governantes pela primeira vez desde fevereiro.

Até agora, todas as reuniões foram realizadas por videoconferência o que, segundo o holandês, tornou as negociações mais complicadas.

Os líderes da União Europeia (UE) vão reunir-se num encontro físico, nos dias 17 e 18 de julho, em Bruxelas, para tentar um acordo sobre a resposta comunitária à crise gerada pela Covid-19.

As negociações giram em torno das propostas apresentadas no final de maio pela Comissão de um fundo de recuperação da economia europeia no pós-pandemia, no montante global de 750 mil milhões de euros — 500 mil milhões em subvenções e 250 mil milhões em empréstimos -, e de um Quadro Financeiro Plurianual revisto para 2021-2027, no valor de 1,1 biliões de euros.

Segundo a proposta do executivo comunitário, que será então agora ‘retocada’ por Charles Michel até ao próximo Conselho, Portugal poderá vir a arrecadar um total de 26,3 mil milhões de euros, 15,5 mil milhões dos quais em subvenções e os restantes 10,8 milhões sob a forma de empréstimos.

No dia 13, quatro dias antes da reunião do Conselho Europeu, António Costa encontra-se com Mark Rutte, primeiro-ministro de um dos Estados-membros que mais têm levantado obstáculos às propostas da Comissão Europeia, juntamente com a Áustria, Dinamarca e Suécia.

Apesar das diferenças de posicionamento entre Portugal e os Países Baixos na União Europeia, António Costa tem uma boa relação pessoal com Mark Rutte, tendo já sido recebido em Haia no início do seu mandato como primeiro-ministro, em 2016. Por sua vez, o chefe do governo holandês também já realizou uma visita oficial a Portugal.