A presidente da Câmara Municipal de Matosinhos disse esta sexta-feira à Lusa que a nacionalização da Efacec é “indiscutivelmente” positiva para o país, mas sobretudo para o concelho, onde a empresa está sediada, tendo sido o “grande beneficiário” do processo.

Em Matosinhos, no distrito do Porto, onde está a empresa, é onde vivem a grande maioria dos trabalhadores, referiu Luísa Salgueiro, acrescentando que, pelo impacto que tem na economia local, o concelho é o “grande beneficiário” desta nacionalização.

Fico ainda mais feliz por ter sido um ministro [da Economia] matosinhense a dirigir este processo”, comentou.

A socialista entendeu que o Estado tinha de intervir na empresa, exigindo-se uma medida “extraordinária, imediata e rápida”.

Dizendo ter visto esta decisão do Governo de António Costa com agrado, a autarca considerou que esta revela que o ministro da Economia “viu bem a importância estratégica” que a Efacec tem não só em termos nacionais, mas internacionais.

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Falando na empresa como uma referência em termos tecnológicos e de energia, Luísa Salgueiro vincou que a nacionalização é uma garantia de futuro da empresa e de responsabilização pelos cerca de 2.500 trabalhadores.

O Conselho de Ministros aprovou na quinta-feira o decreto de lei para nacionalizar “71,73% do capital social da Efacec”, com o objetivo de viabilizar a sua continuidade e salvaguardar os seus 2.500 postos de trabalho.

De acordo com o comunicado do Conselho de Ministros, “a intervenção do Estado deve ainda ser feita por período restrito no tempo e com vista à resolução temporária da respetiva situação, estando prevista a sua imediata reprivatização, a executar no mais curto prazo possível”.

Este processo decorre da saída de Isabel dos Santos, filha do ex-Presidente angolano José Eduardo dos Santos do capital da Efacec, na sequência do envolvimento do seu nome no caso Luanda Leaks, no qual o Consórcio Internacional de Jornalismo de Investigação revelou, em 19 de janeiro passado, mais de 715 mil ficheiros que detalham alegados esquemas financeiros da empresária e do marido que lhes terão permitido retirar dinheiro do erário público angolano através de paraísos fiscais.

A empresária angolana tinha entrado no capital da Efacec Power Solutions em 2015, após comprar a sua posição aos grupos portugueses José de Mello e Têxtil Manuel Gonçalves, que continuam ainda a ser acionistas da empresa, enfrentando atualmente sérias dificuldades de financiamento devido à crise acionista que atravessa.