O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, criticou a violência policial na imposição do estado de emergência decretado para a prevenção da Covid-19, mas censurou também “a vitimização” de alguns cidadãos que violam as restrições impostas pelo Governo.

“Preciso de deixar claro aqui que não há nenhuma orientação de violentar o cidadão, nem se deve”, afirmou Filipe Nyusi, em declarações reproduzidas esta sexta-feira pela emissora pública Rádio Moçambique.

Nyusi falava na quinta-feira durante um encontro com representantes de 16 partidos extraparlamentares.

O chefe de Estado avançou que as autoridades estão a responsabilizar os agentes acusados de abusos na implementação das medidas decretadas no âmbito do estado de emergência.

Filipe Nyusi criticou, em particular, a violência contra as crianças, advogando uma atitude mais pedagógica no respeito pelas restrições impostas e condenou o que considerou de “vitimização” por parte de alguns cidadãos apanhados a violar o estado de emergência.

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“Claro que os violadores [do estado de emergência] se transformam em vítimas, usam mal os direitos humanos”, disse Nyusi.

No encontro com os representantes dos partidos extraparlamentares, o chefe de Estado justificou o relaxamento de algumas medidas do estado de emergência com a necessidade de assegurar o funcionamento da economia.

Com um total de 918 casos positivos, seis óbitos e 249 recuperados, Moçambique vive em estado de emergência desde 1 de abril.

Filipe Nyusi anunciou no domingo a prorrogação do estado de emergência pela terceira vez – o máximo previsto na Constituição – com levantamento faseado de algumas restrições.

As escolas vão reabrir faseadamente, voltará a haver ligações aéreas internacionais com alguns países, será permitido mais pessoal nos locais de trabalho e os museus poderão reabrir.

A pandemia de Covid-19 já provocou mais de 517 mil mortos e infetou mais de 10,76 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.